Uma das questões mais complexas na criação e gestão de uma empresa diz respeito a criação e aprimoramento de sua cultura organizacional. Pois ela não é algo definida por decreto nem limitada a um grupo. “Ela é composta por pequenos atos, hábitos e escolhas. O acúmulo desses comportamentos – que vêm de todos os lugares, nos níveis mais altos e mais baixos dentro da hierarquia, de dentro e de fora da empresa – cria a cultura da organização” ensina Margaret Hefferman, escritora e empresária, no livro “O poder das pequenas mudanças” uma publicação original TED (o livro foi criado a partir de palestra da autora na famosa conferência).
A edição é em formato pocket e traz uma série de casos e depoimentos colhidos pela autora ao longo de sua vida como executiva e palestrante. Selecionei alguns tópicos que achei interessantes para oferecer um “aperitivo” sobre o que o possível leitor poderá encontrar.
– Transforme conflito em confiança. A autora lembra um ensinamento que teve com Scilla Elworthy, indicada três vezes ao prêmio Nobel da paz: “enterrada sob a pata do dragão, há sempre uma pedra preciosa – alguma coisa a ser aprendida”. O desafio é ter a capacidade de identificar o que esteja acontecendo e ter habilidade para tratar de assunto.
– Um estudo sobre inteligência coletiva realizada pelo MIT identificou três características dos grupos que são excepcionalmente eficazes na solução criativa de problemas: 1) concedem tempos mais ou menos iguais de fala entre os participantes (isso não era controlado, acontecia de forma espontânea, permitindo que todos pudessem realmente contribuir); 2) conseguem “ler a mente com os olhos”: os grupos mais criativos conseguem perceber entre si sutis mudanças de humor e comportamento; 3) incluem mais mulheres (até porque as mulheres em todas as pesquisas se mostram mais empáticas que os homens).
– É o cimento – e não o tijolo – que constrói um grande edifício. “O cimento, nesse contexto, é o capital social: confiança mútua, um sentimento fundamental de conexão que constrói confiança”.
– Uma pesquisa do Conselho de Segurança dos Transportes nos EUA descobriu que 73% dos incidentes aconteciam no primeiro dia que uma equipe trabalhava junta (nos vôos, 44% das vezes que uma equipe trabalha junto numa primeira viagem acontece algum incidente). Já as tripulações que trabalham juntas por durante longos períodos conseguem desempenho muito maior que as outras.
– Os melhores parceiros não são o que concordam com suas ideias. Mas os que as desenvolvem.
– Esqueça o conceito de multitarefa. A qualidade está na monotarefa: “quando focamos em algo, aprimoramos nossa concentração e nos lembramos do que fizemos”. Dar a atenção a uma atividade por vez não é apenas mais eficiente como também nos torna mais capazes de dar usar o conhecimento acumulado.
– A adoção de checklists simples nos hospitais durante as cirurgias grandes reduziu as morte e complicações em mais de um terço.
Veja que os exemplos citados – e a grande maioria deles descritos no livro – não são fruto de grandes projetos, orçamentos vultuosos ou mudanças radicais, mas de pequenas ações que podem dar um resultado surpreendente. A escolha dessa imagem para ilustrar esse post não é à toa: o efeito dominó está presente na gestão da cultura organizacional tanto quanto está naqueles desafios onde uma pequena peça pode desencadear uma sequência de acontecimentos. Se você quer conferir um que é muito criativo, clique aqui e surpreenda-se.
Publicado originalmente no Blog do Empreendedor – Estadão PME.
Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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