Essa semana o Instagrafite, perfil do Instagram criado pelo gaúcho radicado em São Paulo Marcelo Pimentel, alcançou a respeitável marca de 1 milhão de seguidores. Essa história, na minha opinião, merece registro, exposição e compartilhamento pois pode ensinar muito a quem quer empreender no mundo digital. É um caso de negócio iniciado com zero de investimento financeiro – mas com muita visão de negócio e criatividade e que tem alcance global.
O perfil foi criado de forma despretensiosa em 11 de outubro de 2011 “com a vontade de preencher um espaço no dia do Marcelo” conta a catarinense Marina Bortoluzzi, sócia e companheira no negócio e na vida. Mandei um e-mail a eles fazendo algumas perguntas pois eu conhecia um pouco o negócio, iniciado com a criação de um simples perfil na rede de fotos. Também estivemos juntos em Austin, Texas, no festival South by Southwest (SXSW) em março último e tivemos a oportunidade de trocar algumas ideias, porém ainda precisava de mais informações para escrever esse post.
“Sempre curtimos arte de rua e tirar fotos, dávamos rolês por São Paulo capturando clicks de artes pelas ruas”. Marina acha que o projeto, por ter sido iniciado sem intenção “se torna mais genuíno, mais verdadeiro com a nossa essência e acima de tudo, feito com amor”.
Além do bom gosto dos criadores, eles tiveram uma sacada: por meio do uso da hashtag #instagrafite passaram a colher colaborações de admiradores de arte de rua por todo o mundo, incentivando o crowdsourcing de registrar o melhor da arte de rua no mundo. “No começo, a colaboração tinha dia específico, depois resolvemos abrir para todos os dias, sempre creditando artistas e fotógrafos colaboradores, o que faz da gente uma galeria virtual. Recebemos as fotos por e-mail, inbox (no Facebook, Instagram e Google+) e por whatsapp. E o mais legal é que além de graffiti lovers pelo mundo que nos enviam fotos, hoje recebemos imagens de todos os artistas, que terminam seu trabalho e nos enviam logo em seguida para postarmos.”
Art by Snek
OK, mas fazer “sucesso” na rede é uma coisa. Transformar isso em negócio é outra. Muitos são os casos de pessoas que se tornam famosas no mundo virtual mas não conseguem ganhar um tostão com isso. Como isso virou um negócio?
“Viramos um negócio no segundo ano do Instagrafite, quando eu, Marina, realmente entrei de cabeça na história. Desde o começo estava junto, mas no segundo ano que abrimos nosso CNPJ, nos constituímos como uma empresa e sociedade”.
E como isso vira dinheiro? Quais os modelos de negócios que sustentam a empresa?
Marina explica que hoje eles priorizam quatro frentes:
– O Instagrafite hoje é um canal de mídia. “Chegamos a mais de 1 milhão de seguidores, amplificamos a divulgação de um festival ou evento e alcançamos uma audiência de massa, ainda que de um segmento ‘nichado’, para marcas que se relacionam com o nosso público e lifestyle. Somos convidados a frequentarmos e cobrirmos os festivais de arte de rua do mundo (calendário que existe no mundo todo e que grandes artistas frequentam). O último que cobrimos foi o Mural Festival, em Montreal, no Canadá”.
– Curadoria criativa. A equipe pode sugerir, a pedido de diferentes marcas, os melhores artistas para um trabalho, fazendo curadoria, coordenação e acompanhamento do começo ao fim do projeto. “Neste modelo já trabalhamos para a Levi’s e mais recentemente com a Red Bull”.
– Produção de conteúdo. O Instagrafite também produz conteúdo voltado ao universo da arte de rua. “Ano passado, viajamos pela Europa, sob o olhar da arte de rua, para a marca de viagens Busabout”.
– Produtos próprios. Eles hoje de dedicam a criação de produtos próprios e buscam inovar dentro deste cenário com itens que possam somar na vida das pessoas, das cidades e dos artistas. “Esses produtos vão do simples ao complexo. Criamos o RUA, curso de arte de rua com a Perestroika; temos camisetas, acessórios e gravuras pela Station16 de Montreal e adesivos e smartphone cases pela StickerApp, da Suécia; E nosso aplicativo de street art chega em setembro na Apple Store.
Art by Paulo Ito
Para o futuro, a dupla pretende ter, já em 2015, oito projetos próprios: continuar o curso com a Perestroika, impulsionar o aplicativo Markr com sócios de Los Angeles e ter mais seis novos projetos que não querem revelar ainda – além de manter aquilo que vem sustentando a empresa.
Para finalizar, aproveitei para perguntar a eles quais as dicas eles desejariam compartilhar com o empreendedores que lêem esse blog. As respostas foram:
Busque oportunidades e possibilidades através de um nicho que precise de revitalização ou de inovação dentro e fora da web.
Seja rápido e trabalhe em versão beta.
Escute sua audiência e promova interação.
Go with the flow!
As imagens que ilustram esse post foram gentilmente enviadas por eles e registram homenagens recebidas por artistas e admiradores da marca around the world pelo primeiro milhão de seguidores.PS – E você, que leu esse post até aqui, o que achou dessa história? Conhece outras histórias e personagens que empreendem nas redes e que merecem ter suas histórias compartilhadas? Aguardo seus comentários ou email [email protected]. E até a semana que vem.
Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
Conheça as palestras e cursos que ele oferece e saiba como ele pode te ajudar a inovar.