Algumas tecnologias chegam para mudar radicalmente o mundo. A lista é imensa. A imprensa, a eletricidade, a eletrônica, a internet… O parafuso, a camisinha, o cartão de crédito… As tecnologias transformam o comportamento das pessoas diante do que elas vinham fazendo até o momento. Na minha humilde opinião, nada vai afetar de tantas maneiras os negócios, nos próximos anos, como a tecnologia de impressão 3D. Ela atinge todos os segmentos de negócio: a moda, a medicina, a alimentação, a engenharia …
O vídeo da Shapeways, site americano onde você encontra como fazer tudo quiser em 3D, mostra o resultado da soma da criatividade com a impressão 3D. (Clique na imagem para ver o vídeo)
Se você acha que estou exagerando veja a foto abaixo, da coleção criada em parceria com a marca fashion United Nude com a 3D Systems por ocasião da semana de moda de Milão 2015. Os calçados impressionaram, e você pode ver outros modelos aqui.
A questão principal é que a impressão 3D reinventa toda a cadeia de suprimento. Um calçado feminino (digamos, de couro) começa com a preparação da matéria-prima na fazenda, passa para o processamento no curtume, vai para a fábrica onde encontra o modelo planejado pelo designer. Aí é cortar, costurar, colar, embalar e colocar no estoque, para em seguida ser transportado e vendido em alguma loja para uma feliz compradora (que poderá ter um problema de não ter mais espaço no armário por acumular tantos modelos).
Com a impressão 3D o fluxo seria bem diferente – o designer cria o modelo, coloca num site para download ou venda de modelos – como por exemplo o site http://archive3d.net/. A usuária baixa e imprime em casa ou no “birô de impressão 3d mais próximo”. O calçado poderá ter até algum toque de exclusividade. Não é de se admirar se, quando enjoar do calçado, ela puder “reaproveitar” o material, imprimindo outro modelo – evitando assim de ficar com o armário cheio de peças que não usa mais.
Se isso realmente acontecer, e ao que me parece está no caminho de se tornar real, qual será o futuro da fábrica de calçados? E o da armazenagem e transporte dos estoques? E a loja? E o vendedor?
A marca francesa L´Oreal já está usando pele impressa pela startup Organovo para fazer seus testes de cosméticos, a informação foi revelada essa semana pelo periódico espanhol El País.
E não pense que essa tecnologia é sinônimo de algo inacessível e caro. Em Togo, na África, existe um projeto que cria impressoras a partir de sucata. Confira aqui.
Portanto, vale refletir como você e sua empresa podem aproveitar para surfar nessa nova onda – pois a impressão 3D estará mais perto de todos nós muito antes do que se imagina.
Na próxima semana, vamos continuar com esse assunto, vendo as oportunidades da impressão 3D nos negócios.
Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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