Marcelo Pimenta

”Stretching” é a palavra chave para as tendências de inovação

Ampliar, alargar, alongar (além dos limites), esse é o sentido da palavra chave “stretching”, usada para falar do que pode estar vindo por aí em termos de inovação. Você pode ler o artigo, em inglês, ou ficar com o nosso resumo aqui no Mentalidades.

Quem fala sobre isso é o indiano Rajeev Srinivasan é membro do conselho consultivo do Netexplo, observatório ligado à Unesco, com sede em Paris, com foco na busca de inovações de todo o mundo. Recentemente ele publicou seu artigo aqui, site indiano com foco em todo o país, falando sobre as inovações no contexto do Netexplo.

O grupo, que inicialmente falava de inovações digitais, hoje em dia está mais interessado nas formas criativas de uso da tecnologia, independente de ser um uso plenamente digital, ou um uso em áreas como a inteligência da máquina, nano-robôs, drones  e outros sistemas bio-miméticos. A partir dessa ideia, eles listam 100 inovações e vão peneirando até chegarem a 10 vencedores, que são premiados anualmente. Falamos sobre a premiação deste ano aqui.

É fundamental compreender que o grupo Netexplo busca inovações inspiradoras e não necessariamente startups empresariais (embora algumas sejam): números significativos são de universidade ou outras instituições de pesquisa, algumas das ONGs, e algumas das grandes corporações também. Os critérios de seleção incluem: novidade, viabilidade e valor social. Ao longo dos anos, os vencedores têm incluído Twitter, WordLens (agora parte do Google Translate), Aadhaar, Layar (um aplicativo de realidade aumentada), Wearable Thermo-Elemento, tatuagens eletrônicas, dentre outros. Você pode acessar todas as inovações no site www.netexplo.org.

Outro ponto importante é que eles tentam identificar as tendências a partir do que é visto em um determinado ano.  No fórum deste ano foi apresentada uma análise das tendências, relatadas pelo professor Julien Levy, o HEC de Paris, bem intrigantes (ou seria instigantes?).

  • Bio-stretching: isto é, que se estende como a biologia, o que pode ser mais acessível e proporcionando mais controle sobre as restrições biológicas, incluindo trans-humanismo e bio-pirataria. Por exemplo, Skinvision (Roménia), um aplicativo que analisa a foto de um sinal da pele e em poucos segundos detecta se é algum tipo um melanoma canceroso.
  • Stretching the machine (ampliando a capacidade das máquinas): as máquinas caminharão para ter vida própria, talvez mesmo se libertando de seus criadores, na medida em que o conceito original “robot” for se tornando mais comum. Por exemplo, mother robots, um robô “mãe”,  que pode construir seus “filhos” de forma autônoma, ajustando o design de cada nova geração com base no desempenho da geração anterior.
  • Stretching interactions: uma forma de lidar com um novo panorama relacional que poderia levar à abolição dos custos de transação de interação. Por exemplo, Bitland (Gana), documenta e autentica registros de terra sem uma autoridade central, criando assim um registro de terras inviolável. Leia mais aqui.

Segundo o professor, estas tendências cobrem mais de 70% das 2.200 inovações mundiais vistas pelo Netexplo, embora devamos entender que isso não é uma previsão sobre o que pode vir a acontecer.

 

Por Márcia Matos. Jornalista, especialista em educação a distância, estudiosa do mundo digital, com muita experiência em Tecnologia da Informação, consultora e palestrante, com vários artigos publicados. Ex- funcionária do SEBRAE e atualmente, na equipe do Laboratorium, é coautora do TREM – Trilha de Referência para o Empreendedor.

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