Na era da transformação digital, as organizações se deparam com a necessidade de inovar mais e inovar rapidamente. Mas como fazer o processo de gestão da inovação?
No ambiente de negócios atual, é extremamente importante ser capaz de gerar ideias inovadoras. A inovação impulsiona o crescimento dos negócios e ajuda as organizações a ficarem à frente de seus concorrentes.
No entanto, não basta ter ideias. As ideias precisam ser desenvolvidas em produtos, serviços, tecnologias ou melhorias concretas.
A inovação não é um processo simples. Exige que as empresas se questionem e aceitem riscos, mas é também a única forma de se manterem competitivas num mercado em constante evolução.
Por isso o processo de gestão da inovação é muito importante: permite que as empresas desenvolvam ideias vencedoras e gerenciem a inovação empresarial de forma racional, evitando desperdícios de dinheiro e recursos e mantendo o foco constante nos objetivos a serem alcançados.
Se você entende a urgência de inovar, mas não sabe por onde começar, continue lendo, pois esse texto abordará tudo que você precisa saber sobre a gestão da inovação!
O que é gestão da inovação?
De acordo com a Gartner, uma empresa de pesquisa e consultoria de TI, a gestão da inovação é uma disciplina de negócios que visa impulsionar um processo ou cultura de inovação sustentável dentro de uma organização.
Essa gestão ajuda na geração de novos modelos de negócios e cria novos produtos, serviços e tecnologias projetados para o mercado em constante mudança. O gerenciamento adequado da inovação também aumenta a satisfação do cliente e o envolvimento dos funcionários.
No entanto, é importante observar que, a gestão da inovação não é meramente a gestão da cadeia de suprimentos, mas sim um elemento-chave para tornar a inovação um sucesso no local de trabalho.
Simplificando, a gestão da inovação é o processo de introduzir algo novo em uma organização – seja um produto, serviço ou evento.
Para ajudar no processo de gestão da inovação, utilizamos alguns frameworks e métodos, e vou listá-los logo a seguir, explicando cada um deles para que você possa ter um melhor aproveitamento do seu processo de inovação, bem como efetividade e assertividade na sua gestão, criando inovações que realmente geram valor.
Organizações ambidestras
Foco na inovação ou no meu negócio? Você pode ter os dois, só saber trabalhar bem seus processos, equipes e distribuições.
O primeiro conceito do qual você deve se familiarizar para fazer uma boa gestão da inovação é o conceito de “Organizações ambidestras”.
Muitas empresas possuem uma dificuldade em inovar, devido a necessidade de se atentar ao seu negócio principal (core business), e o conceito de organizações ambidestras surge para conseguir equilibrar essas duas coisas.
Uma organização ambidestra é aquela que persegue uma ambição de crescimento, separando as pessoas responsáveis pela operação de um negócio principal daquelas que exploram novas áreas de mercado, ou seja, é aquela que faz uma separação entre como é gerenciado um negócio principal de um negócio voltado à inovação. A imagem abaixo ilustra o funcionamento desse tipo de organização:
Organizações ambidestras possuem 3 características definidoras:
- Primeiro, uma ambição de crescimento compartilhada para a empresa como um todo, de propriedade da equipe sênior.
- Segundo, uma unidade de negócios autônoma responsável por explorar novas áreas de mercado.
- Terceiro, mecanismos que permitem que a unidade de inovação acesse os ativos do core business para ajudá-la a escalar mais rapidamente do que uma startup.
Categorias de inovação
Ao implementar um processo de gestão de inovação, é preciso entender as diferentes categorias de inovação.
A OCDE, em seu “Manual de Oslo”, padroniza os tipos de inovação em 4 categorias. São elas:
- Produto ou Serviço: é quando a inovação é voltada para o desenvolvimento de um novo produto ou serviço, ou, ainda, uma melhoria significativa de algo já existente.
- Processo: é quando a inovação é sobre algum processo realizado pela empresa, incrementando-o ou implementando algo completamente novo.
- Organizacional: diz respeito a novos (ou aprimorados) métodos organizacionais, internos ou externos.
- Marketing: inovações sobre novos (ou aprimorados) métodos de marketing, como reposicionamento, estratégia de preços, promoção, concepção, etc.
Ao entender a categoria de inovação a ser implementada, o próximo passo é classificar esse projeto de acordo com o seu tipo de inovação, impacto, complexidade e tempo para resultado. Para isso, é recomendado utilizar o framework “Horizontes de Inovação”, que irá clarificar qual é o melhor caminho a ser trilhado para cada projeto.
Horizontes de Inovação
“Horizontes de Inovação” é um framework desenhado por David White, Mehrdad Baghai e Stephen Coley, descrito no livro “The Alchemy of Growth”, e é composto por 3 horizontes.
O modelo dos 3 horizontes de inovação é uma excelente forma de visualizar o equilíbrio em seu portfólio de inovação, ajuda a definir metas pragmáticas e alcançáveis e também a tangibilizar uma estratégia de inovação corporativa.
A distinção entre os horizontes é determinada pelo fato de sabermos algo já razoavelmente bem, ou que é novo para nós ou para o mundo/nossa indústria. No eixo x olhamos para novas tecnologias e/ou novas soluções. No eixo y, avaliamos quão familiares são os clientes e os mercados.
Portanto, esse framework trabalha, além dos horizontes, com 3 tipos de inovação, são eles:
- Inovações incrementais
- Inovações adjacentes
- Inovações disruptivas
A escolha do tipo de inovação determinará o horizonte. Entenda cada um deles:
Horizonte 1 – inovações incrementais
Inovações que auxiliam a empresa a otimizar seu negócio ao máximo, dentro do seu modelo de negócio atual. Apenas incrementa o que a empresa já possui. São inovações que apresentam baixo risco, e impacto de curto prazo (menor que 12 meses).
Horizonte 2 – inovações adjacentes
Inovações que geram novos negócios, uma extensão do seu modelo de negócios atual, como o lançamento de novas linhas de produtos ou a expansão de seus negócios geograficamente ou em novos mercados. O impacto ou risco aqui é moderado, sendo um investimento e implementação de médio prazo.
Horizonte 3 – inovações disruptivas
Aqui acontecem inovações disruptivas, aquelas que são desconhecidas tanto pela empresa quanto pelos consumidores. Pode também dizer respeito a mercados desconhecidos e grupos de clientes. Chamamos esse horizonte de inovação disruptiva, porque os desenvolvimentos nesse horizonte podem ter um grande impacto em sua empresa, setor e vidas. O Horizonte 3, representa maior risco, o desconhecido, maior investimento e é a longo prazo.
Trabalhando com os horizontes de inovação
Portanto, para trabalhar com esse framework, você selecionará a categoria que deseja inovar, conforme o Manual de Oslo (ou seja, em qual área será a inovação planejada), e em seguida, selecionará o tipo conforme o framework de Horizontes de Inovação. Para exemplificar:
Vamos supor que você fará uma inovação nos seus PROCESSOS (Manual de Oslo), incorporando KANBAN para controlar a sua produção, um método conhecido e já existente. Portanto, dentro dos horizontes de inovação, teremos uma inovação adjacente.
Ou, ainda, você está fazendo uma inovação de SERVIÇO (Manual de Oslo), apresentando algo que nunca foi visto antes no mercado, ou seja, uma INOVAÇÃO DISRUPTIVA (Horizontes de Inovação).
Para alcançar a continuidade de longo prazo, as organizações precisam trabalhar em todos os 3 horizontes simultaneamente. Os modelos de negócios não funcionam para sempre e, em algum momento, entrarão em declínio. As empresas precisam ter o novo sucessor pronto nesse ponto. A única maneira de fazer isso é começando hoje.
Modelo de gestão da inovação – Marcelo Pimenta
Existem vários modelos de gestão da inovação, norteados por princípios básicos de pesquisa, curadoria, teste e implementação.
Nos meus 25 anos de carreira como professor, palestrante e consultor de inovação, criei um modelo próprio de gestão da inovação, o qual já foi validado e implementado por diversas empresas, e que melhor atende ao cenário brasileiro.
Esse modelo de gestão da inovação, consistem em 4 etapas, descritas a seguir:
- Buscar
- Selecionar
- Validar
- Implementar
Entenda melhor cada uma dessas etapas:
1. Buscar
Essa é a fase onde você junta as informações e gera insights.
Isto pode ser através de pesquisas junto a audiência, dados gerados pelo negócio ou dados externos, ou qualquer outra fonte que traga racionalidade e inspire a geração de ideias de forma assertiva.
É o primeiro passo para a inovação e os incentivos e feedbacks ajudam a estimular um fluxo constante de ideias.
2. Selecionar
Registrando ideias de uma forma que seja facilmente compartilhável com as principais partes interessadas, o próximo passo em um processo de inovação bem gerenciado é identificar as ideias mais valiosas e viáveis, portanto, debata sobre as ideias geradas para ver se elas atendem às suas necessidades.
Decidir quais ideias inovadoras serão executadas maximiza o tempo e outros recursos em sua empresa.
3. Validar
Com as melhores e mais viáveis ideias selecionadas, as empresas podem então avançar para criar produtos protótipos com base nas ideias e implementá-las para ver como funcionam. Teste, deixe que seu time teste, e até partes externas testem o seu protótipo, para que assim você possa refiná-lo e ter mais chance de sucesso ao lançar no mercado.
4. Implementar
Na etapa final da implementação completa, é importante avaliar o resultado para ver se as metas de negócios desejadas foram alcançadas depois que as ideias foram implementadas.
Salve a seguinte imagem para ter acesso a esse modelo, bem como sugestões de como seguir em cada etapa a depender se a inovação é interna ou externa (você vai entender a diferença entre ambas prosseguindo a leitura deste texto).
Funil da inovação
O funil de inovação é, essencialmente, o processo pelo qual o conjunto de ideias de pesquisa e desenvolvimento de uma empresa é examinado e reduzido antes de ser moldado em conceitos e testado. Então, um produto final pode ser selecionado antes de ser lançado e comercializado.
Através desse método, é mais fácil distinguir ideias vencedoras daquelas que não valem a pena realizar. O funil de inovação ajuda, também, reduzir ao mínimo as incógnitas, mantendo o foco nos objetivos, auxiliando a garantir que os recursos funcionem de forma eficiente e consistente com o processo estabelecido e monitora os resultados com precisão.
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Inovação aberta x inovação fechada
Agora que você já entendeu a área (categoria) que quer inovar, os tipos e horizontes de inovação, e aprendeu uma metodologia para selecionar as melhores ideias, é importante, também, saber como fará essa inovação, de forma aberta ou fechada?
Entenda o que cada uma significa:
O que é Inovação Fechada?
Inovação fechada significa simplesmente inovação desenvolvida pela equipe interna de uma empresa, e somente ela. Dentro dos limites da empresa claramente definidos, todo o processo de inovação do início ao fim ocorre exclusivamente dentro da organização.
Sem recursos externos, influências, tecnologia e propriedade intelectual permanecem sob o controle da empresa.
Principais benefícios da inovação fechada
Os benefícios da inovação fechada são valiosos e atendem às organizações que precisam de mais gerenciamento de seu trabalho. Com isso, eles conseguem obter as seguintes vantagens:
- Controle total sobre o processo de inovação;
- Redução significativa de falhas nas tarefas executadas;
- Ausência de dependência de conhecimento externo, o que pode ser um fator limitante durante a inovação;
- Possibilidade de exclusividade no processo de inovação, onde os produtos/serviços podem trazer uma imensa vantagem competitiva;
- Redução do vazamento do projeto para o mercado.
O que é Inovação Aberta?
A inovação aberta, por outro lado, é exatamente o que parece. É uma alternativa à tradicional inovação fechada e, nos últimos anos, vem crescendo em popularidade.
Ao contrário da inovação fechada, ela se baseia na crença de que conhecimento e criatividade não se limitam às quatro paredes de uma empresa, e que especialistas de fora do negócio também podem contribuir para sua inovação.
Quando as empresas abrem sua inovação, elas também aceitam que a propriedade intelectual seja compartilhada nos dois sentidos – quanto mais conhecimento chega, mais educadas podem ser as decisões.
Principais benefícios da inovação aberta
Os benefícios da inovação aberta também são extremamente valiosos e eficazes. Embora não se restrinja à empresa, o potencial da inovação aberta é extremamente alto, pois aposta em um amplo ecossistema de parceiros capacitados.
Com isso, a modalidade obtém as seguintes vantagens:
- Mais agilidade no processo de inovação, pois envolve recursos provenientes de diversas áreas, internas e externas;
- Mais variedade de ideias, pois há uma grande diversidade de pessoas trabalhando em um determinado tema;
- Maior capacidade de aprendizagem, dado o número de mentes diferentes envolvidas no trabalho;
- Captação de recursos mais fácil, pois o projeto envolve outras partes interessadas nos projetos.
É importante ressaltar que não existe um modelo melhor que outro, pois ele se adequa às empresas de acordo com suas características e necessidades.
TRL – nível de maturidade tecnológica para a inovação
TRL (Technology Readiness Level) é um sistema de medição usado para avaliar um nível de maturidade de tecnologia. Desenvolvido e usado pela NASA nas décadas de 1970 e 1980, os TRLs agora são amplamente utilizados.
É uma ferramenta útil de tomada de decisão para as equipes de gerenciamento analisarem o desenvolvimento de uma tecnologia ou novo produto.
A escala de medição do TRL consiste em nove níveis, onde cada nível caracteriza o progresso no desenvolvimento de uma tecnologia, desde a ideia inicial (Nível 1) até a aceitação total do produto no mercado (Nível 9).
Quanto mais alto o nível, mais segura é a tecnologia para a aceitação do mercado como um produto (por exemplo, um aplicativo de software) ou como um componente a ser integrado a um sistema. Confira logo abaixo uma visão dessa escala:
Benefícios do TRL para a inovação:
- Fornecer um entendimento comum do estado de uma tecnologia,
- Habilitar o gerenciamento de riscos,
- Gerenciar o tempo, custo e recursos necessários para tornar a tecnologia aplicável.
Gestão ágil – o que implementa inovação
Para implementar seu processo de inovação corretamente, é preciso ter um bom sistema para organizar este processo, e o mais indicado é a gestão ágil (agile).
A gestão ágil está se tornando cada vez mais importante no curso da alta dinâmica tecnológica. A correta implementação da gestão ágil da inovação nas empresas tem um efeito positivo comprovado na rentabilidade, bem como na inovação e competitividade de uma empresa.
Gestão ágil, ao contrário do que muitos pensam, não é sobre um aumento de produtividade, e sim sobre processos enxutos que permitem a correção de curso rápido. O mote da gestão ágil é “Fail fast, fail cheap”, em livre tradução, falhe rápido, falhe barato.
Entendemos que o processo de inovação requer assumir riscos de falha, no entanto, essa falha pode ter um custo baixo para a empresa, se identificada cedo, ou um custo caro, se identificada tarde, depois de muito tempo injetado em projetos que não vão dar certo, protótipos e testes.
A gestão ágil serve para identificar esses riscos e falhas mais cedo, e por isso é a abordagem de gestão mais indicada para a inovação.
Para ancorar a gestão ágil da inovação na empresa, a cultura corporativa e, portanto, o estilo de gestão devem mudar: os gerentes não devem ser autorizados a desacelerar seus funcionários, mas devem dar-lhes a liberdade necessária. Muitas empresas ainda não têm experiência com métodos de inovações ágeis e, portanto, muitas vezes não têm coragem de converter para processos de inovações ágeis.
No entanto, não é necessário mudar toda a empresa de uma vez; métodos ágeis também podem ser testados em projetos individuais. Isso ajuda a quebrar preconceitos na forma de trabalho e ancorar lentamente a agilidade na cultura corporativa. Mas somente se o agile (gestão) for exemplificado ativamente, essa abordagem pode ser estabelecida na empresa.
Quer inovar na prática e fazer com que sua equipe aprenda a inovar?
Agora que você já sabe diversas práticas para ajudar na sua gestão da inovação, é preciso pensar no lado PRÁTICO de inovar.
A inovação vai muito além de ferramentas e teorias, e precisa, para florescer, de uma cultura orientada à inovação e de adesão de pessoas com a mentalidade voltada a esse propósito.
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São palestras voltadas a incrementar o ambiente de inovação, personalizadas para as necessidades do seu time e da sua empresa, que ensinam, de forma prática, como inovar dentro do cenário que sua empresa se encontra, e inspiram colaboradores para que desenvolvam a mentalidade de inovação, permitindo, assim, que um ambiente pró inovação seja construído.
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Imersão de Inovação
A Inovação na Prática In Company é feita para empresas e equipes que tem o objetivo de incorporar processos de inovação em sua cultura e rotina de forma consistente. A imersão foi desenvolvida para que os participantes estejam alinhados com o negócio e sejam capacitados a disseminar a cultura de inovação para todas as áreas e colaboradores da empresa.
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Te vejo na próxima!
Postado por Marcelo Pimenta