Além de local de convivência harmoniosa entre música, teatro, esporte e gastronomia, a Avenida Paulista, aberta à população aos domingos, vem se transformando numa grande galeria de arte no asfalto. Com diferentes histórias, mas tendo em comum um trabalho de muita originalidade, escolhi cinco personagens para mostrar o que vem sendo feito por aqueles artistas que não se apequenam diante da soberba das galerias de arte – e constroem seu próprio destino.
Andressa Moraes, Desenhos e Aquarelas
Andressa trabalhava como funcionária numa grande loja de móveis. “Os móveis tinham design e qualidade mas eu ganhava muito pouco, hoje consigo aqui cerca de três vezes mais do que trabalhando lá”, conta Andressa, que faz desenhos à nanquim (e algumas aquarelas). Como vender na Paulista virou um negócio sério, ela estimulou seus dotes de marceneira e acabou criando um carrinho super bacana, onde consegue ter mais mobilidade para expor as obras – de forma segura e organizada.
Contatos: [email protected], http://www.facebook.com/andressamoraesart, www.andressamoraesart.com
Iago e sua Tabela da Felicidade
Iago é turismólogo de formação. Mas a verdadeira paixão e atividade, nos últimos oito anos, desse cuiabano radicado em São Paulo vem sendo desenvolver a Tabela da Felicidade – uma obra gigante que é “um jogo de palavras e cores para organizarmos os pensamentos e percebermos que a melhor fase da vida é sempre o momento presente”, segundo a descrição de seu criador. “Tudo foi pensado: o formato, as cores, os espaços vazios, os números, a disposição de todos os conteúdos” explica ele. Na prática, o uso da tabela serve como inspiração para que você escolha um número entre um e doze e desfrute da mensagem que lhe foi dada para aquele dia. No meu caso, escolhi o número quatro – e fiquei encantando com a sincronicidade com os pensamentos que tenho alimentado sobre renovação (no caso, a palavra que acabei escolhendo foi Recomeço). A iniciativa conta hoje com a ajuda do parceiro Diego, que é natural de Minas Gerais.
A tabela hoje não é mais “apenas” uma obra de arte. Virou cartaz, almofada, mala, workshop, cartões – enfim, está em diferentes suportes, que permitem disseminar essa energia positiva que vem “da primeira tabela da felicidade do mundo”.
Contatos: www.facebook.com/tabeladafelicidade e (11) 981.500.569 (celular e whatsapp)
DMA Miniaturas
Douglas Alves começou como artesão. Fazendo cenários e objetos com uma técnica bastante conhecida, que usa palitos de picolé para fazer castelos, fortes, carros e etc., ao longo do tempo, ele foi se aperfeiçoando. “E hoje faço tudo, o que você quiser eu faço usando madeira e outros materiais”. A principal fonte de renda hoje são as miniaturas de caminhão: “consigo 100% de precisão em modelos antigos e novos da Scania por exemplo. Os colecionadores encomendam e eu faço ele perfeito, inclusive com sistema de amortecimento” diz ele, orgulhoso de seu trabalho. “O que me deixa mais feliz é saber que a criança que está dentro de mim nunca morre, hoje consigo dar vida a tudo que vem na cabeça”.
Contatos: Douglas Alves – Miniaturas feitas à mão. Fone (11) 954.559.503.
Wonderwall
O publicitário Felipe trabalhava numa agência “in-house” dentro de uma empresa bem tradicional. Na brincadeira, começou a fazer quadrinhos em tecido onde aplica frases “que são um escândalo”, para o mercado GLBT. Nos primeiros dias ele começou como hobbie até que viu que não precisava mais trabalhar como publicitário. Hoje ele se sustenta 100% com seu trabalho – que vende na rua e também em um corner numa loja colaborativa.
Contatos: www.facebook.com/wonderwall.quadrinhos e [email protected]
Galeria Tripé
O amor pela profissão e o encontro de afinidades de dois fotógrafos, Danilo Vieira e Daniel Feijó, resultou na Galeria Tripé, que possui em sua essência valorizar a arte fotográfica e despertar nas pessoas essa paixão, permitindo que diferentes públicos com diferentes necessidades tenham acesso à arte fotográfica. Um de Recife e outro de São Paulo, eles embelezam a Avenida fazendo um “varal” de imagens próprias que estão à venda na pronta-entrega. Apenas o trabalho autoral ainda não paga a conta, mas eles dizem que na Paulista é um local onde surgem também muitos contatos para outros serviços. As fotos são todas com tiragem limitada, com certificado de autenticidade e devidamente assinadas pelo fotógrafo autor.
Contatos: www.galeriatripe.com.br e https://www.facebook.com/galeriatripe/
Esses cinco personagens são apenas uma amostra de dezenas de outros que estão conseguindo sua independência – criativa e financeira – empreendendo como Milton Nascimento ensinou há muito tempo: todo artista tem que ir aonde o povo está. A atividade está regulamentada de duas maneiras: artistas estão amparados na Lei do Artista de Rua e artesãos precisam ter o certificado emitido pela Sutaco, para poder vender no local.
Pelo menos até 31 de dezembro, a Avenida Paulista é um local privilegiado para exposição desses jovens talentos. Depois dessa data, a decisão de manter a Avenida aberta à população depende dos eleitores paulistanos – já que a proibição de não tráfego de veículos na Paulista é um dos temas de debate da eleição municipal 2016.
Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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