Marcelo Pimenta

O que há em comum entre DIY, heutagogia e movimento maker

Nos últimos anos aprendi alguns conceitos que ganharam destaque nas minhas reflexões: DIY, edupunk, eutagogia, maker. Percebi o quanto esses conceitos estão relacionados fico sempre pensando sobre que mudanças eles estão nos preparando para o futuro – não muito longe de hoje.

Em 2011 baixei este e-book: The Edupunks’ Guide, que considero atual apesar de decorridos cinco anos. A autora, Anya Kamenetz fez com que eu entendesse a mim mesma, quando disse que edupunk é alguém que tem dificuldade com os padrões da academia e busca novas formas de aprendizagem.

“An edupunk is someone who doesn’t want to play by the old college rules. Maybe you have interests that don’t fit the academic mold. Maybe you’re in a remote location. Maybe you have a family, a job, or other responsibilities and you can’t take on life as a fulltime student. Maybe you love new technology and new ways of learning. Or maybe you’re just a rebel!”

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Jim Groom como Edupunk, 2008.

Ela amplia o conceito DIY – faça você mesmo – para a educação, mostrando que podemos aprender por nós mesmos. E para ajudar apresenta sete caminhos  para que seja possível aprender sozinho.

  1. Faça pesquisa on-line
  2. Faça um Plano de Aprendizagem Pessoal
  3. Aprenda on-line
  4. Construa sua rede pessoal de aprendizagem
  5. Encontre um mentor
  6. Obtenha certificação
  7. Construa uma boa reputação na sua rede

Cada um desses caminhos, que podem ser sequenciais ou não, dependendo dos nossos objetivos, está muito bem explicado no e-book. Vale a leitura.

Um pouco antes de baixar o e-book The Edupunk’s Guide, lidando diretamente com educação a distância, tinha me deparado com o conceito de Heutagogia (heuta — auto, próprio; agogus — guiar), desenvolvido nos anos dois mil por Stewart Hase,  que aponta como foco central a aprendizagem autodirigida ou autodeterminada.

“Heutagogy is the study of self-determined learning … It is also an attempt to challenge some ideas about teaching and learning that still prevail in teacher centred learning and the need for, as Bill Ford (1997) eloquently puts it ‘knowledge sharing’ rather than ‘knowledge hoarding’. In this respect heutagogy looks to the future in which knowing how to learn will be a fundamental skill given the pace of innovation and the changing structure of communities and workplaces.”

Fazer sozinho, aprender sozinho. Parece óbvio, porque a história nos oferece muitos exemplos de aprendizado solitário, de coisas que foram criadas porque alguém se arriscou a fazê-las.  Desde o mundo das cavernas, moto contínuo, o aprendizado por conta própria e o fazer construíram o mundo em que vivemos, naturalmente.

Podemos arriscar a perguntar: como Leonardo Fibonacci conseguiu criar os algarismos arábicos? Como Gutemberg inventou uma maneira de imprimir? Como Kepler descobriu que as órbitas dos planetas são elípticas? Imagino que estudando sozinhos, conversando com outras pessoas, experimentando, testando, fazendo.  E não existiam os conceitos DIY e Heutagogia.

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Mas tem mais um conceito:  Maker  – que gerou o Movimento Maker uma extensão mais tecnológica e técnica da cultura Faça-Você-Mesmo ou, em inglês, Do-It-Yourself (ou simplesmente DIY). Esta cultura moderna tem em sua base a idéia de que pessoas comuns como eu e você podem construir, consertar, modificar e fabricar os mais diversos tipos de objetos e projetos com suas próprias mãos”.

Agora sim, temos conceitos para cada situação que foi trivial na história. Por que?

Quero crer que há um motivo, para além da teorização.  Quando situações triviais são eleitas para serem estudadas é porque deixaram de ser triviais para se tornarem relevantes. DIY, Heutagogia e Makers adquirem valor com a aceleração tecnológica, que vem acompanhada da redução de custos e ampliação de acesso. Resulta que o número de pessoas no exercício do aprende-faz-aprende cresce cada dia mais. Os praticantes estão nos espaços de co-working, nos diversos tipos de Lab, no Youtube, nos blogs, no Instagran. E estão sendo valorizados, seja com dinheiro, seja com reconhecimento (seguidores, likes, fãs).

Que mudança é essa que está para chegar? Talvez uma ruptura com os modelos tracionais de ensino e de trabalho. Talvez m ruptura no modelo mercantil. Não sei exatamente o que será, mas tenho certeza de que acontecerá. E é aí que mora a coisa comum entre os três conceitos. Um processo de mudança, uma transição para alguma outra forma de aprender, fazer, viver, empreender. Veremos.

Por Márcia Matos. Jornalista, especialista em educação a distância, estudiosa do mundo digital, com muita experiência em Tecnologia da Informação, consultora e palestrante, com vários artigos publicados. Ex- funcionária do SEBRAE e atualmente, na equipe do Laboratorium, é coautora do TREM – Trilha de Referência para o Empreendedor.

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