Marcelo Pimenta

SERENDIPIDADE

serendipidade

A palavra de hoje é SERENDIPIDADE, e, para ilustrar o que ela significa, vou começar com um conto persa citado pela Martha Terenzzo no texto “O que o empreendedor precisa saber sobre Criatividade e Inovação”, parte do livro “Empreendedorismo Inovador”, organizado por Nei Grando. O conto se chama “Os três príncipes de Serendip”. Esse Serendip é um nome antigo para o atual Sri Lanka, uma ilha que fica a leste da Índia, na Ásia.

Segundo esse conto, o rei de Serendip tinha três filhos. Quando estava prestes a morrer, o rei chamou os filhos para dar a eles uma notícia importante: havia um tesouro escondido nas terras daquela nação, próximo à superfície. Em busca das riquezas, aqueles príncipes mobilizaram homens por todo o reino para que encontrassem o tesouro, cavando em diferentes locais. Anos se passaram sem que ninguém encontrasse o tesouro; porém, as terras, revolvidas, produziram as maiores colheitas da história de Serendip.

A partir desse conto, estudiosos passaram a usar a palavra serendipidade para simbolizar aquelas descobertas diferentes do que estamos buscando, que muitas vezes são atribuídas ao acaso.  Há vários exemplos famosos na História, como o fato de Cristóvão Colombo ter encontrado a América enquanto tentava chegar até a Índia.

Mas serendipidade não é o mesmo que acaso ou destino. Os príncipes de Serendip estavam buscando uma solução para suas terras, tanto que buscavam um tesouro escondido. Colombo tinha sua meta, pois pretendia descobrir algo. Esses personagens estavam buscando e tiveram a capacidade de identificar e interpretar novas informações, enxergando nelas oportunidades.

Quando temos conhecimento do nosso negócio e do que nosso público deseja, quando nos preparamos e sabemos aonde queremos chegar, podemos transformar serendipidades em inovações. Porque presenciamos acontecimentos aleatórios e pequenas descobertas, ou seja, serendipidades, todos os dias.

Um encontro inesperado, uma simples conversa com um cliente ou parceiro pelo WhatsApp, podem levar a novas ideias e caminhos para solucionar problemas antigos. Pode ser um erro que acaba dando certo, uma descoberta acidental, como no caso dos três príncipes de Serendip, ou uma surpresa agradável. Que pode virar um grande negócio.

A galvanização dos pneus foi descoberta por acaso por Charles Goodyear (1800-1860) em 1838. Ele percebeu que uma mistura de borracha e enxofre que caiu sobre o fogão quente não chegou a derreter, mas apenas queimou um pouco. Com isso, ele percebeu que com a adição de enxofre, a borracha tornava-se mais resistente.

Os irmãos Kellogs “inventaram” o flocos de milho depois de esquecer o cereal no forno, durante um processo de secagem.

O Ovomaltine, A penicilina também são exemplos de serendipidade dos negócios.

E no Brasil, quem viaja pelas estradas, deve conhecer a lanchonete Frango Assado. Ela é um caso também que aconteceu com o acaso. O fundador vendia frutas na estrada, mas os clientes se interessavam é pela marmita de frango que ele trazia para o almoço. Com isso, começou a vender frango assado e criou a 1ª loja que virou a rede.

Às vezes, a solução está na nossa frente, só não conseguimos enxergar ainda. Está aí a importância de manter sempre a mente aberta, de nos desafiarmos e sairmos da zona de conforto, de experimentarmos coisas novas, de termos iniciativa. Assim, quando a serendipidade nos encontrar, teremos desenvolvido um olhar aguçado para reconhecer a oportunidade e transformá-la em inovação.

Para quem quiser aprofundar este tema, falo mais sobre ele nesta palestra: Serendipity in business: Marcelo Pimenta at TEDxRioClaro  


Até a próxima!

 

Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
Conheça as palestras e cursos que ele oferece e saiba como ele pode te ajudar a inovar.

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