Estava eu em Austin, no Texas, março de 2013, em pleno SXSW, tentando entrar numa conferência onde a Lego iria revelar seu processo de inovação. Chegando lá, com meia hora de antecedência, a sala já estava 100% lotada e a fila de espera era de cem pessoas.
Frustração à parte, na sala ao lado, com a mesma capacidade, tinha lugar sobrando para ver “When Bad Names Happen to Good Startups” – e eu já tinha pensado um pouco sobre critérios para dar nomes aos negócios – e achei que seria uma oportunidade para aprender mais. E foi ótimo!
Desde lá tenho estudado sobre isso e essa semana que passou, em Petrolina, mais uma vez um aluno perguntou sobre como dar nome a um novo negócio. Então decidi escrever essas dicas – incorporando as “cinco regras” que aprendi na palestra de Justin Dobbs e Gery Backaus.
Antes de tudo, vale lembrar que você está criando uma MARCA, que deve ter todos os atributos para transmitir a IMAGEM do seu negócio. Pense que clientes, investidores e também seus familiares vão querer saber onde você trabalha, esse nome deve lhe trazer orgulho e dignidade!
1 – Faça um nome achável (no Google). De nada adianta você colocar nomes como Casa Amazonas, Terra Brasilis, Ponto de Encontro … Pois são nomes que se confundem com a linguagem popular e será uma tarefa hercúlea encontrar você na web – mesmo que seu cliente tenha digitado corretamente o nome de sua empresa no google, ele não estará encontrando você.
2 – Busque algo que seja sonoro, fácil de escrever, evitando a necessidade de ficar soletrando. Quanto mais curto, menor. Minha primeira empresa, Conectt, até hoje causa o incômodo de ter que ficar explicando – é com um n e dois tês.
3 – A primeira impressão deve ser ou POSITIVA, INTRIGANTE ou CLARA.
4 – Tipos de nomes. Você tem algumas opções de caminho criativo para criar seu nome. E também caminhos a evitar:
– Explicando o que você faz – Como BitCoin (deixando claro que é um negócio de moedas virtuais). Como Aliança Empreendedora (projetos colaborativos para empreendedorismo). Ou Facebook. Mercado Livre é claro e positivo. PayPal, parceiro para seus pagamentos. Burguer King é uma grande sacada.
– Evocativo – Criando uma ressignificação para o nome – Como Qranio (learning fun). Ou Laboratorium (um local de experimentações – mas em empreendedorismo e inovação). Ou Azul (trazendo a referência de que o vôo pode ser mais traquilo). Também um bom exemplo é Nike (deusa grega da vitória).
– Fortalecimento geográfico – American Airlines, Casas Bahia, Cacau Brasil são exemplos que se fortalecem ao valorizar seus mercados.
– Nomes próprios – Disney, McDonalds, Ford são exemplos que funcionaram pois seus fundadores tinham uma reputação muito grande. Não sei se funcionam hoje já que muitas vezes os fundadores podem ser ilustres desconhecidos.
– Inventado – Skype, Google, Kodak são exemplos de nomes que não significavam nada… Até serem inventados – e então ganharem significado.
– Cuidado com as siglas. Sigla é quando você junta as primeiras letras de uma palavra, mas a leitura é letra a letra (como IBM – Internacional Business Machines). Pense muitas vezes antes de usar uma sigla que não tenha significado. Apesar de grandes empresas terem nomes de siglas (GE, 3M, SBT, MTV, …) elas gastaram milhões em marketing para se posicionar. Evite algo como JSM Games (Joaquim Silva Moreira).
– Avalie os Acrônimos. São parecidos com as siglas, mas a combinação dá uma palavra, que é lida junto, como TAM, Petrobrás, Embratel. Se fizer sentido, pode ser uma boa ideia. Um que gosto muito é do programa SEED – Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development. A palavra significa semente em inglês e tem tudo a ver com o ideal é de plantar novas ideias para fortalecer o ecossistema (essa semana tiveram vários fatos envolvendo essa iniciativa, se quiser saber mais leiaaqui).
– Não tente bancar o engraçadinho. Evite Fuck Carros, Pinto Shopping, Herpes Pizza, Bar Xixi e coisas assim (podem pesquisar, todos estão no Google – believe or not).
5 – Considere ter um decodificador. Alguns nomes, podem exigir ou merecem um decodificador. Uma frase, como um slogan, que ajude a compreender do que se trata ou para posicionar-se de forma clara. Exemplos: Skol – A cerveja que desce redondo. Apple – Think Different. DropBox – Seus arquivos em Qualquer Lugar.
Não esqueça: abuse da criatividade. Dedique tempo suficiente para essa busca. Devem ser feitas as pesquisas adequadas no Google e também no INPI – quando for o caso. Não deixe de pensar como será o domínio na Internet.
E não se apaixone pelo primeiro nome. Ele – como o negócio – precisa ser validado – por possíveis clientes, parceiros, fornecedores. Aceite sugestões, considere suas hipóteses até achar o nome que vai comunicar claramente seu posicionamento e diferenciais.
Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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