Começa nessa quarta-feira, em Paris, o Forum NetExplo, evento promovido pela Unesco e Governo da França para dar visibilidade às principais inovações digitais ou novos usos para tecnologias existentes em todo o mundo. O processo de escolha foi feito de forma colaborativa. Alunos e professores de treze universidades de diferentes países (Canadá, USA, Japão, Bruxelas, Singapura…) fizeram um trabalho de pesquisa amplo que sendo refinado em sucessivas etapas. No Brasil, tive a oportunidade de contribuir para o estudo com meus alunos do MBA em Marketing Digital da ESPM. O Fórum reúne os professores que fazem parte da rede acadêmica com os empreendedores vencedores para uma conferência de dois dias que será transmitida gratuitamente pelo site da NetExplo. Conheça os escolhidos:
Baidu Kuai Sou – China – Os tradicionais “palitos” para a comida chinesa viraram sensores para detectar se está tudo certo com a comida. Depois de sofrer um problema com óleos contaminados, os chineses resolveram usar a internet das coisas a serviço da saúde. É possível detectar também as calorias, a acidez e até a temperatura dos alimentos.
Scio – Israel –Um sensor molecular (menor que um isqueiro) é capaz de analisar a composição dos elementos e, a partir de uma consulta a um enorme banco de dados, detectar se um medicamento é genuíno, se uma cédula é falsa, se uma planta está doente ou ainda se um alimento está apropriado para consumo. A tecnologia abre possibilidades para um grande número de novas aplicações nas áreas de saúde e segurança.
Rainforest Connection – USA – Colocar celulares obsoletos a serviço do meio-ambiente. Essa é a missão desse projeto, que visa instalar os aparelhos nas florestas fazendo com que eles funcionem como sensores contra o desmatamento. Funcionando com energia solar, os dispositivos identificam sinais suspeitos (motosserras, árvores caindo …) e alertam o perigo em tempo real.
Kappo – CHILE – Único representante da América Latina, Kappo é uma rede social para ciclistas. Usando conceitos de gamificação, os usuários podem competir usando diferentes critérios como velocidade, tamanho do percurso ou tempo de utilização.
Wearable Thermo-Element – South Korea – Uma pequeno dispositivo (que pode ser colocado no corpo ou mesmo na roupa) é capaz de gerar energia para recarregar smartphones e outros equipamentos. A tecnologia revolucionária usa fibra de vidro flexível para gerar energia a partir do calor humano – e pode mudar a forma como usamos carregadores e baterias.
Photomath – Croácia – Uma câmera inteligente identifica problemas e fórmulas matemáticas em qualquer superfície e soluciona as questões. Parece mágica, mas o aplicativo mostra passo a passo como solucionar os desafios – ajudando a tornar o ensino da matemática mais interessante.
Branching Minds – USA – Serviço online que conecta professores e pais com o objetivo de acompanhar as dificuldades de aprendizagem das crianças em tempo real, propondo ações corretivas antes que elas se tornem um problema. Utilizando-se dos princípios da ciência cognitiva, o serviço vai se aperfeiçoando conforme os usuários vão utilizando a plataforma e propondo atividades que sejam capazes de estimular o desenvolvimento de cada criança, individualmente, conforme suas reais necessidades.
Sense Ebola Followup – Nigeria – A tecnologia móvel e o georeferenciamento das informações a serviço da saúde. O aplicativo auxilia na comunicação de casos do Ebola em tempo real, evitando o alastramento da epidemia.
Slack – USA – Esqueça as Intranets. Slack é uma ferramenta online que vem sendo utilizada por algumas das empresas mais inovadoras do mundo (como AirBNB, DropBox, NewYorkTimes, …) para melhorar sua comunicação interna. O serviço permite que times compartilhem informações usando as ferramentas sociais de forma integrada. É considerada uma das startups americanas mais promissoras, com valor de mercado já superior a US$ 1 bilhão.
W.Afate 3D Printer – Togo – A África está pela segunda fez na lista com uma impressora 3D feita de sucata. Reaproveitando matérias foi desenvolvido um hardware que custa menos de 100 dólares no qual é possível imprimir desde utensílios domésticos até próteses. E também uma forma de promover a inclusão digital e tecnológica de forma sustentável.
Vejam que não há nenhuma tecnologia brasileira (a única da América Latina é uma rede social de ciclistas, do Chile), revelando que, mesmo sendo uma das maiores economias do mundo, não conseguimos marcar presença no mapa da inovação. Por outro lado, a África marca presença com duas tecnologias finalistas.
A convite da Unesco estarei por lá para compartilhar como foi nosso processo de pesquisa e também para aprender com esses empreendedores como eles conseguem superar as dificuldades e construir o futuro com suas mãos. Conto um pouco mais para vocês como foi essa experiência na semana que vem.
Au revoir.
Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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