Marcelo Pimenta

Cultura do design sugere novo estilo de liderança

Em tempos de mudanças constantes e cada vez mais velozes o velho estilo de liderança não vem mais “dando conta do recado”. Mesmo o conceito de liderança “atualizado” em 1998 por James Hunter no best-seller O Monge e o Executivo –  “Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter “ – consegue ser suficiente para engajar equipes e projetos, numa era que as startups vêm tomando o lugar de empresas tradicionais e já consolidadas.

Foi em busca de um novo estilo de liderança que Maria Giudice e Christopher Ireland conceberam “Rise of the DEO: Leadership by Design”, lançado em 2014 e ainda não traduzido para oportuguês. As autoras acreditam que a cultura do design, baseada em empatia + colaboração + prototipação podem forjar um novo estilo de liderança, baseada em seis características:

– É um agente de mudança – A liderança criativa sabe que toda crise é uma oportunidade para mudar. Ele é a faísca que dá a ignição às transformações. Vê soluções onde todos só enxergam problemas. E pensa rabiscando, usando ferramentas visuais e técnicas para criar, conceber e comunicar planos e projetos.

– Usa a intuição (e não apenas a razão) – O “novo líder” gosta mais de pessoas do que de coisas. Porque ele está atento aos detalhes e é um ótimo observador. Em uma conversa, ele não fica olhando para o relógio ou conferindo a todo momento o WhatsApp. Ele está presente, olho-no-olho e por isso confia tanto na intuição quanto na razão.

– Desenvolve uma inteligência social – Cultiva redes de relacionamento. Isso não significa apenas trocar cartões em eventos. Significa se importar mesmo. E não aparece apenas para pedir favor ou quando precisa de algo. Ele acredita na força da rede e se esforça não só para ampliar seu networking, mas principalmente para fortalecer os laços já existentes.

– Aceita riscos controlados – Permite-se errar pois sabe que toda a inovação vem da experimentação, do aprendizado através de sucessivos testes. Por isso ele prefere falhar pequeno e  ganhar musculatura para quando precisar resolver grandes obstáculos.  Além disso, ele sabe que experimentar não significa arriscar-se à toa.

– Faz acontecer (Get Shit Done) – O líder criativo usa constantemente a regra de pareto (20/80). Ele sabe priorizar e dar atenção aquilo que é importante. Ele gerencia “to do lists” e cumpre prazos. Não espera, faz acontecer e criar suas oportunidades.

– Tem pensamento sistêmico – Sabem que pequenas decisões e atitudes fazem parte de sistemas complexos e interdependentes. Por isso, o líder criativo está mais interessado no “por quê”  do que no “como”. Ele conecta os pontos e aprende sobre influências  e motivações.

No momento em que o Brasil vive uma crise de liderança sem precedentes (os presidentes da República, do Senado e da Câmara dos Deputados hoje são investigados – alguns acusados, outros já indiciados– por crimes como peculato, corrupção, formação de quadrilha, desvio de dinheiro público…) mais que nunca precisamos formar uma nova geração de líderes que seja capaz de superar esse momento triste que vivemos na nossa história.  A liderança criativa pode ser esse caminho.

 

Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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