“A Educação deve contribuir para a autoformação da pessoa (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão. ”
A frase é do antropólogo, sociólogo e filósofo francês, Edgar Morin, e está no livro Cabeça bem feita: repensar a reforma reformar o pensamento, no qual ele aponta três desafios para a educação, que devem responder pelo desafio maior que é a interdependência entre eles.
- Desafio cultural, abrangendo a cultura geral e a científica, como estímulo à reflexo sobre o saber.
- Desafio sociológico, pressupondo um crescimento cognitivo resultante da harmonia entre informação, conhecimento e pensamento.
- Desafio cívico, alcançar a percepção do global como forma de aumentar a responsabilidade individual.
Alguns anos depois do livro, em entrevista à revista Nova Escola, o pensador fala sobre o papel da educação. Mantém sua visão para uma reforma na educação e continua a destacar a importância da não compartimentalização dos saberes abordando com outras palavras os mesmos desafios descritos no livro editado em 1999 na França em publicado em 2000 no Brasil.
Em outubro de 2015, quinze anos do livro, a entrevista é publicada, novamente, pelo site Fronteiras do Pensamento e continua valendo como alerta para um novo olhar sobre a educação.
Destacamos um texto da entrevista: “A educação deve ser um despertar para a filosofia, para a literatura, para a música, para as artes. É isso que preenche a vida. Esse é o seu verdadeiro papel.”
Este texto dialoga com um trecho do livro que destaco aqui.
“Literatura, poesia, cinema, psicologia, filosofia deveriam convergir para tornar-se escolas da compreensão. A ética da compreensão humana constitui, sem dúvida, uma exigência chave de nossos tempos de incompreensão generalizada: vivemos em um mundo de incompreensão entre estranhos, mas também entre membros de uma mesma sociedade, de uma mesma família, entre parceiros de um casal, entre filhos e pais. É o caso de se perguntar se as chaves psicopsicanalíticas, difundidas de forma dogmática e reducionista em nossa cultura (complexo de inferioridade, de Édipo, paranóia, esquizofrenia, sadomasoquismo etc), não agravam a incompreensão, criando a ininteligibilidade reducionista. ”
A pergunta que não me cala é: porque não mudamos?
Por Marcia Matos
Por Márcia Matos. Jornalista, especialista em educação a distância, estudiosa do mundo digital, com muita experiência em Tecnologia da Informação, consultora e palestrante, com vários artigos publicados. Ex- funcionária do SEBRAE e atualmente, na equipe do Laboratorium, é coautora do TREM – Trilha de Referência para o Empreendedor.