Marcelo Pimenta

Edgar Morin falou e repetiu. Agora falta acreditar e fazer valer

“A Educação deve contribuir para a autoformação da pessoa (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão. ”

A frase é do antropólogo, sociólogo e filósofo francês, Edgar Morin, e está no livro Cabeça bem feita: repensar a reforma reformar o pensamento, no qual ele aponta três desafios para a educação, que devem responder pelo desafio maior que é a interdependência entre eles.

  1. Desafio cultural, abrangendo a cultura geral e a científica, como estímulo à reflexo sobre o saber.
  2. Desafio sociológico, pressupondo um crescimento cognitivo resultante da harmonia entre informação, conhecimento e pensamento.
  3. Desafio cívico, alcançar a percepção do global como forma de aumentar a responsabilidade individual.

Alguns anos depois do livro, em entrevista à revista Nova Escola, o pensador fala sobre o papel da educação. Mantém sua visão para uma reforma na educação e continua a destacar a importância da não compartimentalização dos saberes abordando com outras palavras os mesmos desafios descritos no livro editado em 1999 na França em publicado em 2000 no Brasil.

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Em outubro de 2015, quinze anos do livro, a entrevista é publicada, novamente, pelo site Fronteiras do Pensamento e continua valendo como alerta para um novo olhar sobre a educação.

Destacamos um texto da entrevista: “A educação deve ser um despertar para a filosofia, para a literatura, para a música, para as artes. É isso que preenche a vida. Esse é o seu verdadeiro papel.”

Este texto dialoga com um trecho do livro que destaco aqui.

Literatura, poesia, cinema, psicologia, filosofia deveriam convergir para tornar-se escolas da compreensão. A ética da compreensão humana constitui, sem dúvida, uma exigência chave de nossos tempos de incompreensão generalizada: vivemos em um mundo de incompreensão entre estranhos, mas também entre membros de uma mesma sociedade, de uma mesma família, entre parceiros de um casal, entre filhos e pais. É o caso de se perguntar se as chaves psicopsicanalíticas, difundidas de forma dogmática e reducionista em nossa cultura (complexo de inferioridade, de Édipo, paranóia, esquizofrenia, sadomasoquismo etc), não agravam a incompreensão, criando a ininteligibilidade reducionista. ”

A pergunta que não me cala é: porque não mudamos?

Por Marcia Matos

Por Márcia Matos. Jornalista, especialista em educação a distância, estudiosa do mundo digital, com muita experiência em Tecnologia da Informação, consultora e palestrante, com vários artigos publicados. Ex- funcionária do SEBRAE e atualmente, na equipe do Laboratorium, é coautora do TREM – Trilha de Referência para o Empreendedor.

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