Marcelo Pimenta

Empreendedorismo nas universidades depende de professores empreendedores

A pesquisa Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras 2016 – correalização Sebrae / Endeavor – oferece pontos para reflexão, e conforme já comentado em post anterior, oportunidade de apoio ao desenvolvimento do empreendedorismo nas universidades.

No capítulo que trata dos professores, chama a atenção o fato de que apenas 10% se considerem líderes na promoção do empreendedorismo, sendo quase a metade deles dos cursos de administração.

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Fonte: Pesquisa Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras

Imaginamos que ser promotor do empreendedorismo, em sala de aula, deveria começar pelo estímulo ao desenvolvimento do comportamento empreendedor. Características do comportamento empreendedor podem ser observadas em pessoas bem-sucedidas em qualquer área. No período das Olimpíadas falamos sobre isso.   Se um professor exerce sua liderança de forma empreendedora e estimula seus alunos, independente deles pensarem em ter um negócio, poderão se dar bem em um emprego ou em qualquer outra atividade: profissional liberal, atleta, artista, qualquer seja a escolha profissional.

Estimular a criatividade, a proatividade, o autoconhecimento, o dinamismo e o aprender a aprender seria um bom começo. Mas isso requer que o professor empreenda, que seja criativo e busque nos métodos e novas ferramentas para fazer da sala de aula um laboratório de aprendizagem, lidando com os conteúdos de forma inovadora.

Uma dica está no Cone de Aprendizagem, desenvolvido pelo educador americano Edgar Dale, que em 1946 já adiantava que colocando algo em prática – fazendo – poderíamos recordar de 90% do que aprendemos. Há uma cópia de um livro dele (em inglês) – Audio-Visual Methods in Teaching – para baixar, se você quiser se aprofundar no tema. Uma análise do cone já é, por si só, bastante inspiradora. Observe o quadro.

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Mesmo que você já tenha visto esse cone em outras oportunidades, vale revisitá-lo à luz de do conceito “aprender fazendo”, associando princípios mais recentes da andragogia  (contexto, autonomia, interatividade, por exemplo) e da Heutagogia (heuta — auto, próprio; agogus — guiar), aprendizagem autodirigida ou autodeterminada, ambos muito válidos diante a gama de recursos que a tecnologia – redes, aplicativos, plataformas – oferece atualmente.

No entanto, saindo da teoria para a prática, temos atualmente uma gama de ferramentas, largamente utilizadas em workshops e cursos os mais diversos, que se prestam a uso em sala de aula, para o ensino-aprendizagem de conteúdos de qualquer tipo de disciplina. Podemos citar modelos de oficinas, ferramentas usadas no design thinking, ferramentas visuais diversas, maratonas, saídas a campo, prototipação etc.

Se em uma aula de português, o tema é a construção do texto científico, porque não criar uma oficina em que os alunos pesquisem e escolham uma monografia, um artigo científico, um jornalístico e estabeleça uma lista de diferenças entre eles. Depois encontre os elementos principais que diferenciam o texto científico e migrem um conteúdo existindo para o novo formato? Aqui vale a nossa reflexão a respeito, apenas como inspiração.

Importante mesmo é que no cenário da sala de aula, se a intenção for desenvolver o empreendedorismo, o elemento principal será o comportamento empreendedor do professor. Sem isso, o papo sobre como criar um negócio, marketing, finanças, gestão não vai alcançar os 73,3% dos alunos que não têm a intenção de abrir um negócio ou não se interessam em tornarem-se empreendedores.

 

 

Por Márcia Matos. Jornalista, especialista em educação a distância, estudiosa do mundo digital, com muita experiência em Tecnologia da Informação, consultora e palestrante, com vários artigos publicados. Ex- funcionária do SEBRAE e atualmente, na equipe do Laboratorium, é coautora do TREM – Trilha de Referência para o Empreendedor.

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