“Não se gerencia o que não se mede,
não se mede o que não se define,
não se define o que não se entende,
e não há sucesso no que não se gerencia”
Deming
Se estivesse vivo, William Edwards Deming completaria 115 anos em 2015.
Estatístico, professor e palestrante americano, foi expoente da gestão pela qualidade e um dos responsáveis pelas técnicas e práticas que resultaram na melhoria do processo produtivo das organizações. No Japão atuou de maneira decisiva para transformar a indústria daquele país em sinônimo de qualidade. Até 1950, os produtos japoneses eram considerados inferiores, sem competividade internacional – foi a revolução pela qualidade que sedimentou as condições para a criação de marcas com produtos de excelência como Hitachi, Nissan, Honda, Toyota, Canon – que são reconhecidas mundialmente por sua inovação e desempenho.
Deming também é conhecido por ter popularizado o ciclo do PDCA:
PLAN (Planejar)
DO (Fazer, executar)
CHECK (Checar)
ACTION (Agir para corrigir e melhorar).
O PDCA é a base do método de gerenciamento moderno e aliado do gestor eficaz. Ele é a fonte de inspiração do Lean Startup (que sugere o ciclo Construir, Medir e Aprender).
A respeito da importância de CHECAR que Deming sugeriu o que hoje chamamos de gestão à vista: colocar gráficos, indicadores, painéis indicativos de maneira que possam ser facialmente acompanhados. E que mostrem a realidade de forma simples e visual baseada em dados e fatos.
Desde Deming, incorporou-se à gestão empresarial novos artefatos, muitos deles inspirados no design thinking, permitindo que hoje o gestor possa girar todo o ciclo PDCA (ou Lean Startup) utilizando-se de ferramentas visuais.
Para PLANEJAR, é possível usar o Canvas do Modelo de Negócio, o Canvas da Proposta de Valor, o Balance Scored Card (BSC), o brainstorming, a jornada do usuário, …
Para os FAZER e AGIR você pode usar desde um cronograma, ou uma matriz de responsabilidades, matriz SWOT (ou, em português FOFA – Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) ou mesmo um checklist para plano de ação baseado no 5W2Hs:
WHAT – O QUE será feito, quais são as etapas
WHY – POR QUE será feito, qual a justificativa
WHERE – ONDE será feito, qual o local
WHEN – QUANDO será feito, qual o tempo
WHO – POR QUEM será feito, de quem é a responsabilidade
HOW – COMO será feito, quais os métodos, recursos e atividades
HOW MUCH – QUANTO será feito, qual o custo
Outra ferramenta visual muito útil é o diagrama de Hishikawa, onde se identifica as possíveis causas de um problema que precisa ser resolvido.
Cada ferramenta tem um propósito e muitas delas podem ser usadas de diferentes maneiras.
Há três anos, junto com um time de colegas, editamos um livro que reúne 17 dessas ferramentas e que pode ser baixado gratuitamente em www.estrategistavisual.com.br.
O mais importante sobre gestão à vista é INICIAR.
Caso você ainda não use, comece agora. E não pare mais, pois os dados precisam sempre ser atualizados, checados, analisados, redefinidos.
Defina os dados mais adequados para serem medidos de acordo com seu grau de maturidade empresarial:
– número de clientes ativos
– faturamento previsto X realizado
– propostas na rua e pipiline de vendas
– número de ligações ou visitas realizadas por dia; taxa de sucesso das visitas
– acompanhamento do fluxo de caixa
– grau de satisfação de clientes
– lucratividade
– receitas X despesas…
Lembre-se que além do momento empresarial, cada tipo e segmento de negócio tem seus indicadores mais relevantes.
Defina os principais, cole na parede e acompanhe. A análise dos dados, principalmente se for feita em grupo, num ambiente amigável, que permita a cocriação e a colaboração, pode gerar muitas oportunidades e ações que fazem a diferença, tanto para potencializar conquistas, como para alcançar metas.
Finalizo com frase síntese de Deming, um sempre defensor da gestão baseada em evidências: “Acredito em Deus, todos os outros devem apresentar dados e fatos”.
Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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