Os irmãos Campana, designers brasileiros mais famosos do mundo, revelam qual lema os levou ao sucesso. A dica pode ser o caminho para você também inovar
Este ano fui a Paris, em fevereiro, por ocasião do NetExplo. Além dos compromissos com a rede acadêmica na Unesco, tive também momentos de tempo livre para curtir as maravilhas da cidade luz. Escolhi revisitar o Museu d’Orsay, que além do acervo magnífico (a maior coleção de obras impressionistas reunidas num único local), vale pela sua arquitetura, um edifício maravilhoso, originalmente uma estação ferroviária construída no final do século XIX, como parte das obras preparatórias à exposição mundial de 1889 (que motivou também a construção da Torre Eiffel).
Visão geral do Museu D´Orsey, que já foi uma Gare de Trem, em registro feito em fevereiro desse ano (foto by @menta90)
Na visita, cheguei ao 5º pavimento onde fica, além da maioria das obras mais famosas do museu (Edgar Degas, Paul Cézanne, Auguste Renoir, Claude Monet …) uma das maiores atrações atuais do museu – o Café Campana. Reformulado em 2011 pelos designers brasileiros mais famosos do mundo – os irmãos Campana. Com arquitetura Art Nouveau e inspiração na obra “20 mil léguas submarinas”, de Julio Verne, o restaurante redecorado virou ponto de visita obrigatório em Paris. “É lindo, bem decorado, aconchegante e com uma vista linda para o Sena através do relógio”; “Um visual incrível”; “Os irmãos Campanas capricharam aqui. Fiquei apaixonada pelas luminárias (lustres) e outros detalhes da decoração” – as declarações publicadas pelo visitantes no site de viagem Trip Advisor comprovam que os Campana acertaram em cheio no projeto. “Esse foi o projeto que mais nos deu satisfação” disseram em entrevista ao site milanêsDesignBoom.
Visão geral do Café Campana, Museu D´Orsey, em fevereiro de 2016 (foto by @menta90)
Se eles são os designers brasileiros mais famosos do mundo – já criaram, além do D´Orsey, para grifes como Baccarat, Louis Vuitton, Lacoste, Melissa, entre muitas outras – e se já sabemos que para inovar é preciso pensar como um designer pensaria, temos muito a aprender com eles. Fernando Campana (1961) e Humberto (1953) trabalham em dupla, de forma colaborativa, desde 1983. Têm seu estilo alicerçado na colaboração, na reinvenção e transformação dos materiais, no caos criativo e na busca de soluções simples. Vale a visita ao site para ver obras, saber mais da história e trajetória deles. Para conhecer a última coleção sugiro esse vídeo, onde eles também falam do processo criativo para coleção Cangaço.
Na entrevista ao DesignBoom está a frase título desse post: não sigam as tendências. “Às vezes fazemos design, às vezes fazemos arte, arquitetura ou decoração de interiores. Construímos pontes entre as disciplinas. O que importa é ser livre para criar, sem rótulos”, dizem eles. E não pensam duas vezes em responder de onde vem a principal fonte de inspiração: “o multiculturalismo brasileiro nutre nossas criações”. Eles acreditam que trazem para o design a riqueza e a beleza da natureza nacional. As raízes, o fato de terem nascido numa cidade pequena e a oportunidade de ainda meninos terem convivido intensamente com natureza e aprendido a valorizar a cultura popular, são princípios para o design que defendem e praticam.
Conhecer as tendências é fundamental para qualquer negócio sobreviver. Mas, hoje aprendemos que, às vezes, contrariá-las, com talento, é a chave do sucesso.
Marcelo Pimenta (menta90) nem sempre segue as tendências. Professor de inovação da ESPM, escreve às segundas-feiras no Blog do Empreendedor. Você pode conhecer mais curtindo www.facebook.com/menta90
Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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