Marcelo Pimenta

Pensando como Da Vinci

Leonardo Da Vinci

Acredito que a capacidade de realização, de superação, de resolução de problemas depende diretamente da nossa capacidade de entendimento do mundo e de nosso papel dele.

E tudo começa com  a questão –  Como eu vejo o mundo?

Gosto do conceito de “lookset” criado pelo Murilo Gun, ou seja, nossa forma de enquadrar o olhar, trata da forma como enxergamos as coisas.  Ele sugere que o “lookset” é um estágio anterior a fase de “mindset”, ou seja de criar mentalidade, jeito de pensar.

Depois de anos promovendo e realizando empreendimentos e inovações e mantendo em paralelo a atividade como educador (hoje contabilizo mais de cem turmas de inovação e criatividade em diferentes formatos) e pesquisador, palestrante, escritor, mentor estou realmente CONVENCIDO que o jeito como cada um VÊ a realidade PRECEDE a forma como ENTENDEMOS o mundo.

Essa convicção foi reforçada recentemente, com minha leitura da recente biografia de Leonardo da Vinci, escrita por Walter Isaacson.

E aqui vale ressaltar que o jeito de pensar da Renascença sempre foi algo que sempre me encantou. A ponto de após ter conhecido Florença (2006) eu decidi voltar lá (2016) para fazer pesquisas de campo motivadas pela leitura d´”O Efeito Medici” e o poder das conexões entre a arte, a ciência, a tecnologia, a criatividade. Na época, meu deslumbramento maior foi a arquitetura de Filippo Brunelleschi – que construiu aquela que foi – e ainda é – a maior cúpula do mundo –  na Catedral de Florença – com o uso de correntes de ferro como estrutura base para uma construção de tijolos dispostos na posição vertical e horizontal de forma a usar a força da gravidade como  principal  sustentação. (Essa viagem rendeu dois posts que publiquei originalmente no Estadão PME, você pode acessá-los aqui e aqui).

Detalhe da colocação dos tijolos da catedral de Florença
Salvadori, Mario. Why Buildings Stand Up. WW Norton & Company. New York, 1990.

Mas a obra de Issacson é resultado de um tipo de pesquisa que ainda pretendo fazer na vida.

Ele conseguiu ler / analisar / entrevistar / visitar os melhores e principais pesquisadores / professores / colecionadores / diretores / restauradores / curadores de museus / coleções / universidades em Oxford, Londres, Nova York, Milão, Florença, Paris, Cambrigde …

Fiz uma leitura atenta do livro, anotando, pesquisando fontes adicionais (principalmente vídeos e fotos) e percebi que esse “desejo de surpreender com o mundo cotidiano” que Leonardo da Vinci nutriu por toda a pode ser aprendido – através do conhecimento e do exercício da experimentação.

Comungo da  opinião do autor que Leonardo não foi um gênio que foi abençoado de uma forma inexplicável (como Mozart, por exemplo, que desde pequeno tocava como um gigante) – mas fruto de vontade e ambição próprias.  “Sua genialidade era do tipo que somos capazes de entender, do tipo que tiramos lições. Baseava-se em habilidades que podemos almejar desenvolver, como a curiosidade e a observação incansável. Ele tinha uma imaginação tão fértil que chegava a flertar com os limites da fantasia, o que também é algo podemos tentar preservar em nós mesmos e incentivar em nossos filhos”.

E foi isso que me motivou a pensar, como protótipo viável,  em um curso de férias em que vamos exercitar o mundo através da curiosidade e do jeito de Vinci ver o mundo – para então buscar entender e reproduzir o jeito de pensar que ele pensaria (vale lembrar que apenas na ESPM, somando EAD e presencial, já tive 17 turmas do curso em que exercitamos o jeito de pensar do designer – ou seja, me sinto confiante no jeito de educar sobre “jeito de pensar”).

Serão nesta primeira turma piloto nove horas-aula, sendo um primeiro período de alinhamento conceitual, o segundo período com exercícios em sala de aula e o terceiro um safári urbano – para exercício em campo. Vagas limitadas por aqueles que declaram o conhecimento do programa e estão dispostos a viver essa experiência enquanto aventura de aprendizagem, deixando seus preconceitos trancados no armário neste período. Em busca d´”A Grande Magia”, da “vida criativa sem medo” segundo Elizabeth Gilbert.

Alguma sugestão, comentário?

Estou cheio de projetos, pendências e compromissos já assumidos fico pensando, vocês acham que vale a pena continuar investindo nesta ideia?

Menta Lisa
Registro de 2006 durante visita à exposição, em Florença, das construções de artefatos militares e outras máquinas criadas por Leonardo da Vinci.

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