Produtos e canais vêm se digitalizando rapidamente, naquilo que Steve Blank e Bob Dorf chamam de “Segunda Revolução Industrial”. Entender exatamente o que isso significa, abre a possibilidade para muitas inovações nos modelos de negócio, onde “as velhas regras para os negócios físicos não se aplicam para os negócios virtuais”. Entender como esse processo acontece gera insigths para encontrar oportunidades.
No princípio, os produtos (comida, caros, utensílios domésticos) eram vendidos através de canais físicos (lojas, porta a porta, mercado).
Uma das principais inovações dos negócios foi quando apareceram produtos que não eram necessariamente físicos – mas se traduziam num benefício, como um serviço, uma promessa ou uma garantia (como por exemplo seguros, ações, softwares e jogos). Veja que todos, antes da Internet, eram vendidos apenas através de canais físicos, como na figura abaixo.
A revolução tecnológica permitiu que os canais digitais passassem a ser importante meio de busca, pesquisa, decisão e compra de produtos e serviços tanto físicos (como sapatos, livros, …) como também virtuais (como jogos, arquivos de musica, filmes, publicidade online). E a matriz ficou completa, como a figura a seguir.
Qual é o pulo do gato?
A tecnologia vem transformando tudo em digital (ou colocando um pouco de digital em tudo). A tendência é a atração para o quadrante virtual X virtual. Esse é o quadrante mais propício para as startups – iniciativas que buscam lucrar e validar modelos REPETÍVEIS e ESCALÁVEIS.
O https://www.nubank.com.br/ é um exemplo brasileiro. O cartão que você administra sem precisar ir na agência ou falar com ninguém. Você recebe o cartão na sua casa, o relacionamento é todo à distância com melhores taxas e condições. Outro exemplo são os seguros – que passam a ser contratados por SMS, sem precisar mais ir a agência. Ou jogos que podem estar em multiplataforma (como TV, celular ou mesmo em holografia, como mostra o vídeo do HoloLens divulgado pela Microsoft essa semana – que você assiste clicando aqui).
O produto virtual migra de canal
Mesmo muitos produtos físicos vêm se virtualizando – ou tendo uma maior interface digital. Hoje já é possível fazer impressão 3D de móveis e sapatos (como vimos nesse post e tambémneste). O uso compartilhado de carros em soluções como Uber, Fleety e a PegCar também são uma resposta de que não é preciso mais ser dono de um carro para usufruir de seus benefícios. Enfim, de uma forma ou de outra, os produtos físicos, antes vendidos pelo canal físico, também vem se digitalizando e migrando de canal. Já livros conseguiram ter seu conteúdo 100% digitalizados, criando um novo mercado (como a Amazon, que lançou o Kindle Unlimited, onde você paga uma assinatura equivalente a U$ 10 / mês para ter um acesso a acervo de 600 mil livros e audiolivros).
Produtos físicos também mudam de canal, além de buscar pelo menos ter uma faceta digital
Entender exatamente essa revolução digital, acredito, é fundamental para que se aproveite todas as oportunidades de inovação nos negócios. Desde as mais simples (passar a atender ou a vender pelo canal WhatsApp, por exemplo) até as mais complexas (como desenvolver e descobrir tecnologias para a virtualização dos alimentos).
Em todas elas, há muita oportunidade para inovar. Aproveite o caminho!
Ps 1 – A maior parte do conteúdo desse post é uma tradução/adaptação livre do original “ The Startup Owner´s Manual”, de Steve Blank e Bob Dorf.
Ps 2 – Há um outro post sobre esse assunto que tem uma visão complementar e que indico que é do meu amigo Nei Grando –https://neigrando.wordpress.com/2012/10/01/a-relacao-de-produtos-com-canais-nos-novos-modelos-de-negocio/
Ps 3 – Essa semana entrou no ar o novo site do Laboratorium e nele estão organizados todos os posts que já escrevi aqui. Se quiserem conferir, esse é o link –http://www.laboratorium.com.br/conteudos/posts-estadao-pme
Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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