Marcelo Pimenta

A arte de não vender

Recentemente tive a oportunidade de conhecer a história de vida do designer e artista Eduardo Miguel Pardo – que largou a vida executiva para morar num sítio em Santo Antônio do Pinhal, em São Paulo,  na divisa com o sul de Minas. E descobriu-se artista. Começou a ver em materiais que a maioria das pessoas vê como refugo ou lixo – como rolhas, tocos de madeira, pedaços retorcidos de cobre e outros metais – a possibilidade de transformar isso em peças de design: luminárias, cadeiras, joaninhas, passarinhos, objetos em geral.

Ele vive em uma propriedade onde busca permanentemente a sustentabilidade – não no sentido ilustrado da palavra – mas real. Até a sobra da serragem da madeira trabalhada na marcenaria ou vira recheio para as garrafas coloridas da flora brasileira ou vai para o viveiro, onde ele cuida com as próprias mãos de umas poucas centenas de mudas de espécies nativas, cujas sementes ele troca com amigos, vizinhos e conhecidos. As mudas fazem parte de todo o “ecossistema” da propriedade.

– Às vezes o pessoal pergunta, porque você se dedica a cuidar de uma muda que vai vender por R$ 10,00 se você pode criar uma cadeira que você vende por R$ 10.000,00 – conta Eduardo.

E complementa:

– Tudo é uma questão de equilíbrio, quando cuido das plantas além de recuperar a área (que foi desmatada pelas olarias que querem o barro para fazer tijolo) eu tenho ideias que vão me inspirar na oficina…

Você sabe quantos funcionários ele tem? Nenhum.

Ele que cuida das plantas, ele corta a grama, ele limpa a oficina, ele trata a madeira, ele dá acabamento no passarinho, ele publica as fotos no Facebook, ele atende os clientes, ele personaliza cada sacola com um desenho feito na hora, à mão.

E sabe por que?

Ele acredita que ele precisa mesmo fazer tudo, pois isso “impregna” tudo que ele faz de paixão, de energia positiva, com o primor e o espero que ele coloca em cada detalhe.

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Joaninhas expostas no atelier de Eduardo Miguel Pardo

– Hoje meus produtos estão em 77 países. E eu não saio para vender. São as pessoas que vem aqui e batem na porta e se encantam e levam tudo. É um amigo que indica um amigo. Encomenda que chega pelo Facebook. Eu não tenho nem loja virtual e as pessoas compram.

Fica então a reflexão: quando você coloca toda sua paixão e dedicação naquilo que faz, o produto vende sozinho?

Não sei se essa regra pode valer para todos os empreendedores.

Mas para criadores como o Eduardo, a realidade está mostrando que isso funciona.

Para saber mais, veja a história completa aqui. E se no final de semana, quiser fazer um passeio diferente, vá conhecer. Você vai se apaixonar. E provavelmente também comprar.

Produzido originalmente para o Portal Nossa Conexão.

Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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