A série documental Abstract: The Art of Design, lançada este ano pelo Netfix mostra o processo criativo e a forma de pensar dos designers.
No primeiro episódio, quem aparece é Christoph Niemann, ilustrador, artista e autor. Seu trabalho apareceu nas capas de The New Yorker, WIRED e The New York Times Magazine. Designer premiado, conta entre seus clientes corporativos o Google, St. Moritz, LAMY, e o Museu de Arte Moderna.
Durante 47 minutos entramos em contato com o processo criativo de Christoph, descobrimos a inquietude de sua personalidade e conhecemos alguns de seus trabalhos, o suficiente para admirá-lo e resgatar algumas lições que podem ser inspiradoras para nossa vida e trabalho.
Cinco lições aprendidas com Christoph Niemann
- “Abstração para mim é se livrar de tudo que não é essencial. Mas alguma coisa tem de acontecer fora do estúdio. Em vez de criar, experimentar. ” Ele tem horário definido para trabalhar – de 9 às 18 – e nesse período, sozinho e imerso em seu ambiente, está dedicado a desenhar e criar. “Tudo que acontece entre 9h e 18h é trabalho.” Ele diz que a abstração deve ser o conceito mais importante da arte, mas é preciso também experimentar, na prática, como resolver os desafios. Por isso, entrar em contato com o que existe de arte, com o que está acontecendo, é necessário. Fora do estúdio, visitando museus, por exemplo, podem surgir novas ideias. As cenas do filme que mostram Christoph fora do estúdio me fizeram lembrar da frase de Steve Blank: “não existem fatos dentro da empresa, apenas opiniões”. Poderia resumir dizendo que tão importante quanto a rotina no local de trabalho é conhecer o que está lá fora, para ampliar conhecimentos, alimentar novas ideias e estimular a criatividade.
- “Começar com milhares de pensamentos, ideias, mas descartar uma a uma até que sobre somente duas ou três que são essenciais”. Sobre essas, acumular informações. O designer acredita que o estilo baseado em cultura, em experiências compartilhadas é mais interessante do que criar um jeito visionário de falar, que as pessoas precisariam decifrar e cita uma frase de Chuck Cose, fotógrafo e pintor americano: “inspiração é para amadores, nós profissionais, vamos trabalhar.” E explica: “não se trata de esperar por horas o surgimento da inspiração. É apenas ir trabalhar e começar. Então algo incrível acontece, ou não. O importante criar a chance de algo acontecer. Você apenas precisa sentar, desenhar, tomar decisões e esperar pelo melhor.”
- Mesmo diante de um trabalho árduo o foco tem de ser nas perguntas que são realmente importantes e o resultado do trabalho deve se constituir em algo bom e verdadeiro. Aqui, vem a imagem do mapa da empatia, de Alex Osterwalder, que nos auxilia a confrontar o nosso pensamento com o pensamento do cliente, em busca de construir uma solução boa o suficiente para agregar valor para eles.
- Representar ideias. “Tudo que faço é criar informação e imagens que mexem com o que o espectador já conhece. A ideia é nossas experiências se unirem e a imagens serem um gatilho. ” O artista usa de materiais comuns – coisas que estão à mão – e constrói suas hipóteses, representa o que tem em mente, reunindo esses materiais a partir de uma estética própria. Nascem então novos caminhos para sua criação. É lindo de ver e inspirador para imitarmos, em busca de soluções para nossos desafios. Na imagem abaixo, cópia do filme, o momento em que ele representa a constituição de sua família.
- Duas personalidades: um editor mais implacável e um artista mais despreocupado. É assim que Christoph define a pessoa em que ele se tornou. São dois papéis em dicotomia, exercidos no limite máximo da responsabilidade. Como editor, ser implacável, significa a busca insistente em entregar, sempre, o melhor. Já o artista, que cria, é livre para expor suas ideias, em formas as mais variadas, como por exemplo esta imagem, que encontramos no Vimeo.
Algumas frases bacanas que estão no filme:
- Você é avaliado pelos momentos de sorte e isso é muito doloroso.
- Temos que praticar para ser melhores. Atletas e músicos praticam todos os dias.
- A ideia da música pop não é inventar nada, mas contar a mesma história de uma forma mais interessante.
- Nos melhores momentos, o design celebra o mundo.
Você pode acompanhar os trabalhos dele também no Facebook.
Inspire-se!
Por Márcia Matos. Jornalista, especialista em educação a distância, estudiosa do mundo digital, com muita experiência em Tecnologia da Informação, consultora e palestrante, com vários artigos publicados. Ex- funcionária do SEBRAE e atualmente, na equipe do Laboratorium, é coautora do TREM – Trilha de Referência para o Empreendedor.