Autor: Vitor Pereira de Freitas é empreendedor digital há mais de 15 anos, cofundador das startups EstudaVest e AgenSite, CTO na agência MagicDigital e Diretor Institucional do grupo StartupMT – Startups Mato Grosso. Com o EstudaVest, startup com +200 mil usuários, já ganhou prêmios como Pitch Digital MS e participou duas vezes da Campus Party Brasil.
Publicado originalmente em Startupi com curadoria dos editores do Mentalidades.
Cercada pelo maior celeiro agrícola do país, Cuiabá é uma cidade diferente de todas as outras no estado de Mato Grosso, se destacando pela força em serviços e parte de sua economia sustentada pelo funcionalismo público.
As grandes distâncias fazem parte do dia a dia da região, não só entre as cidades do estado, mas até mesmo entre a capital e as divisas do estado: são mais de 500km de norte a sul, leste e oeste. Essas grandes distâncias impactam no ecossistema e no empreendedorismo do estado, onde os empreendedores não vivenciam tanto a cultura e eventos que passam pelos principais centros do país.
Esse distanciamento dos empreendedores e startups do estado com os grandes centros causa um grande problema na busca de soluções pelas startups, que pecaram inicialmente por não estarem totalmente direcionadas a todo país. Faltava experiência e vivência para compreender que uma solução local pode ser replicada em escala maior, atingindo muito mais pessoas.
Cuiabá possui um grande número de empreendedores e startups focadas em serviços, contrariando as expectativas de muitos que acreditam que toda inovação do estado deva partir exclusivamente da agricultura e pecuária, as grandes forças econômicas do estado. Há 4 anos o grupo de empreendedores StartupMT, a primeira comunidade de startups do estado, busca unir os empreendedores locais, fomentando a cultura de startups do estado. Já são mais de 60 startups acompanhadas de perto pelo grupo, número três vezes maior do que há um ano atrás. Acompanhar estas startups, promover a troca de experiências e manter uma interlocução com as entidades do estado é a principal missão do grupo StartupMT. No ano passado (2015) , o ecossistema de empreendedorismo e startups vivenciou grandes eventos que modificaram o dia a dia dos startupeiros. O 1º Startup Weekend, que aconteceu em dezembro, foi um marco para o ecossistema. O evento gerou excelentes resultados, deixou como legado a capacidade do estado em interligar os diversos setores de negócio, conectando software e hardware, governo com empreendedores e os institutos de ensino com o mercado. Foram 21 startups criadas durante o evento, todas com resultados e em poucos meses, algumas delas já marcaram presença no mercado nacional.
Como disse Ricardo Moraes, facilitador do #swcuiaba, o nosso ecossistema é uma nova fronteira a ser explorada, em um estado rico em oportunidades, com um grande número de pessoas empenhadas e prontas para mudar a realidade atual.
Já neste ano, o estado começa a marcar presença com diversas startups aprovadas em acelerações, com duas startups selecionadas para o InovAtiva, Cliclo 2016.1: a MAX Person e a CropWatch. Com um link inédito entre as instituições de ensino – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade de Mato Grosso (UNEMAT) e Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) – houve um aumento no número de startups nas áreas do agronegócio.
A expectativa é que nos próximos anos aumente ainda mais o número de startups no setor do agronegócio. Apoiadores, como Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (IMEA), começam a encontrar no quintal de casa as soluções para a inovação no campo.
Do Futebol para a Inovação
O estado tem fomentado de maneira ímpar a inovação. Por meio do Gabinete de Assuntos Estratégicos (GAE), o governo tem conseguido unir e explorar ao máximo toda a comunidade inovadora do estado. Promovendo a interlocução entre as comunidades de inovação, desde o FABLAB Cuiabá, que já está promovendo eventos em todo o estado, o grupo de Desenvolvedores do Estado de Mato Grosso (DevMT), o StartupMT e o GAE, tem explorado de forma única a Arena Pantanal, um dos mais incríveis estádios para a copa do mundo, que agora é o principal ponto de inovação do estado.
Está em inicio o projeto para a criação do Parque Tecnológico de Mato Grosso, buscando interligar agronegócio, biotecnologia, geociências, química verde e tecnologias da informação. O parque já está criando seu MVP dentro da própria Arena. O projeto da criação definitiva do Parque Tecnológico pode demorar alguns anos até ser concluído, devido a burocracia e até ao tamanho do projeto final, porém desde agora já está sendo criado um espaço dentro da própria Arena Pantanal que funcionará como experiência para o parque final.
Esta experiência pode mudar inclusive, o resultado final do parque, que pode vir a priorizar uma ou outra área conforme os resultados iniciais forem ocorrendo. É como se estivessem usando a metodologia Lean Startup para a criação de um Parque Tecnológico. Todas as entidades do estado buscam de diversas formas se manterem conectadas. Seja dentro dos espaços de inovação como a Arena, onde já residem diversas entidades de inovação – StartupMT, GAE, Parque Tecnológico, Instituto Federal de Mato Grosso – seja por meio das coordenações, como o Conselho Temático de Inovação e Tecnologia (COINTEC) que une o SEBRAE, Federação das Indústrias de Mato Grosso (FIEMT), institutos de ensino, representantes das comunidades de inovação, agronegócio e do comércio local. Isso é primordial para a evolução constante do ecossistema, de forma equilibrada, onde todas as entidades e comunidades estão se mantendo conectadas e podem crescer juntas.
As promessas para o estado são grandes, mas nem só por isso o ecossistema fica parado aguardando a revolução chegar. As startups começam a ganhar força e até mesmo a investir na presença em todo o estado e algumas em internacionalizar seus produtos, como a Dropo, uma das finalistas do programa InovAtiva 2015. É incrível ver como a inovação borbulha no Mato Grosso. E é fantástico perceber que ainda estamos só no início, começando a fazer a diferença.
Por Convidado