Tem um projeto que apoio de forma voluntária e que tenho muito orgulho. Chama-se Empreende Aí – uma escola para incentivar pessoas de baixa renda, que muitas vezes não tiveram a oportunidade de ter contato com os conceitos do empreendedorismo nem de receber algum tipo de orientação – mesmo muitas delas tendo vontade e iniciativa para ter um negócio próprio. A pesquisa GEM 2015 mostra que do total de empreendedores brasileiros apenas 9,2% dos empresários procuram o Sebrae antes de abrir um negócio. Se é o número geral, é fácil imaginar que a população menos favorecida procure muito menos ainda alguma orientação antes se tomar importantes decisões.
(Sempre lembro de um taxista, seu José, do qual eu era cliente no trajeto hotel X Sebrae quando frequentava muito Brasília pelo ano de 2010. E a cada corrida ele me perguntava alguma coisa sobre como abrir um negócio. Eu sempre respondia (o que sabia) mas existiam dúvidas sobre o GDF (Governo do Distrito Federal) e procedimentos do mercado local que eu desconhecia. E eu perguntei para ele:
– Seu José, porque o senhor não desce comigo aqui no Sebrae. E eu apresento o senhor ao pessoal do balcão do Sebrae e eles tem pessoas que vão lhe responder todas as dúvidas.
E a resposta dele foi reveladora:
– Eu não tenho estudo não meu filho, nem sei falar com essa gente, não sei o que perguntar e não vou entender as respostas. Prefiro falar com o Senhor com quem eu já tenho uma certa intimidade e consigo perguntar o que não entendo.)
Foi para facilitar o acesso à prática e à educação empreendedora que os jovens Luis Coelho e Jennifer Rodrigues, decidiram criar o Empreende Aí – um programa de formação onde “os alunos saiam de fato empreendendo, gerando sua própria renda através de um trabalho que ele tenha criado, sem precisar se submeter a um subemprego ou algo que não faça tanto sentido para ele”. Eu conheci o projeto ainda em 2015 e propus a Trilha do TREM como referência para o programa. As aulas aconteceram aos sábados Fábrica de Cultura do Jardim São Luis, comunidade que fica no extremo sul da cidade de São Paulo. Os modelos de negócio foram construídos – aliando oportunidade e propósito de cada empreendedor – e estão agora em fase de captação de recursos para viabilização através de uma campanha de crowdfunding (mesmo depois do desastrado episódio da hamburgueria Zeleléo muita gente ficou receosa com esse tipo de financiamento coletivo, mas a verdade é que o crowdfunding é um meio poderoso para vários tipos de iniciativas inovadoras, dentre elas de grande impacto social).
Nessa primeira turma são seis projetos, que buscam valores entre 4.000 e 6.000 mil reais para dar o pontapé inicial. Para conhecer mais sobre as ideias de negócio – que vão desde uma marca de camisetas engajada até um equipamento que fecha a janela automaticamente em caso de chuva, passando por um novo método de ensino de inglês – você pode conferir direto nos links abaixo.
Personal Language Trainer – O Personal Language Trainer surgiu para popularizar o ensino de qualidade de inglês e forma personalizada.
Art e Sabor – Um Café no extremo sul de São Paulo com um ambiente agradável e descontraído com doces e salgados a disposição e atenderemos encomendas para festas e eventos.
JANELAS YASMIN – AUTOMÁTICA PARA CHUVA– Janela residencial automatizada que graças a um sensor de chuva, fecha automaticamente quando chove, deixando sua casa mais inteligente.
Impacte U – Marca de vestuários e acessórios que busca através de imagens e frases causar o ato reflexivo e impactante nas pessoas.
Armazém dos Sabores – O Armazém de Sabores nasceu através de um sonho de mãe e filha capazes de colocar amor e carinho em cada colherada.
Agência Cresce – A Agência Cresce nasce para criar uma comunicação feita por pessoas da base para pessoas da base, uma comunicação não violenta e inclusiva para estabelecimentos comerciais e sociais na região do Grajaú (Extremo Sul de SP).
Entre as recompensas físicas estão um picnic com nativos em língua inglesa (para desenvolvimento e prática do idioma) até e-books e camisetas exclusivas. Mas o mais bacana mesmo é poder contribuir para a criação de novos negócios na base da pirâmide, histórias que podem inspirar outros jovens a também ver que o empreendedorismo pode ser o caminho para a realização de seus sonhos. Caso você já tenha contribuído com projetos em crowdfunding, peço que analise com carinho a oportunidade de apoiar algum(ns) desse(s). Caso nunca tenha contribuído sugiro que aproveite a chance de experimentar – já apoiando projetos de impacto social com valores que começam com R$ 10,00.
Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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