Marcelo Pimenta

Olimpíadas são como a vida: nem tudo é perfeito – e esse é o maior barato

Você pode achar que uma Olimpíada é uma disputa de medalhas (pois realmente está contida nela disputas esportivas em busca das almejadas medalhas). Ontem mesmo eu ouvi que “esses caras estão sempre é atrás de dinheiro” (referindo-se aos atletas). Também não duvido que existam atletas, principalmente aqueles que são mais pobres e passam por dificuldades financeiras que almejam também terem seu esforço recompensado – e assim pagar dívidas, ajudar a família, realizar sonhos.

Mas minha visão depois de ter passado quatro intensos “dias olímpicos” no Rio de Janeiro é que as Olimpíadas são um ápice de celebração humana. No 2º dia eu já tinha postado no meu Facebook que  “vou incluir nas minhas preces que todos possam um dia viver ao vivo o espírito olímpico”.  Sem falar no orgulho de, como brasileiro, ver as competições e traslados sempre “emoldurados” pela paisagem deslumbrante do Rio de Janeiro. Só para dar um aperitivo, esta é a chegada à Estação Jardim Oceânico, na Barra, ponto de troca para o BRT (Bus Rapid Transport) que leva ao Parque Olímpico.

Fui a quatro competições em quatro diferentes arenas e uma amiga querida (gerente de conteúdo digital da Rio 2016) me convidou para uma visita técnica ao MPC (Main Press Center), complexo gigante que reúne quase 20 mil profissionais de rádio, tv, blogs e todo tipo de comunicação.  Foi tudo 100%, não tive nenhum incidente, nenhuma dificuldade, nenhuma fila monstra, tudo correu super bem.  Já no primeiro dia, quando fui ao Engenhão, senti o clima. Fui ao estádio de trem, via Central do Brasil, as provas começariam às 20h, peguei o trem às 18h de uma sexta-feira, final de expediente no centro do Rio. Fiquei ao lado de um grupo de canadenses, no meio do trem lotado (não superlotado) típico de final de tarde. Os canadenses (uns dez) eram todos da mesma família, que vieram torcer para uma ginasta, irmã da menina com quem conversei. Ela me contou que as duas avós da atleta (ambas com mais de 80 anos) não perdem nenhuma grande competição internacional. “Já estivemos juntos em Pequim, na Escócia, na Espanha e estamos adorando vir ao Brasil” me disse ela.

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Momento tietagem com a medalhista Wang Yan, medalhista da equipe de ginástica de solo da China

No Engenhão “caiu a ficha” da complexidade de tudo: estrutura de juízes, telecomunicações, transmissão, segurança, treinadores. Vi, na prática, aquilo tudo que eu imaginava: para muitas pessoas, as Olímpíadas são o momento máximo de celebração de anos e anos de dedicação. É a oportunidade para o indivíduo fazer parte de algo maior que ele. Momento de integração de pessoas, culturas e idiomas por meio do esporte. E isso serve tanto para atletas e juízes como para os patrocinadores.  Muitas empresas são patrocinadoras do Comitê Olímpico Internacional (COI) e estão comprometidas com a excelência no serviço que prestam – e as Olimpíadas são a caixa de ressonância disso. Explico: empresas, como a gigante Atos,  podem comprovar sua excelência na gestão de projetos de TI fazendo os sistemas de back-office dos jogos funcionarem sem falhas. Ou a GE, que é responsável por toda a gestão e projetos de geração de energia, iluminação, monitoramento em todos os países sedes – e prova sua excelência nesse serviço (você viu algum pico de energia, falta de luz ou excesso de sombra sobre os atletas?).

Não quero aqui dizer que tudo é perfeito, a perfeição é uma utopia – e as Olimpíadas comprovam isso, seja quando atletas como Rafael Nadal ficam ao longo do caminho na busca pela medalha – como quando uma câmera aérea cai no Parque Olímpico (ferindo gente). Mas o que se nota é que esses acidentes são a prova de que a vida é real, nem tudo sai como planejado e o inesperado existe. Quando tivermos certeza de que tudo poderá ser controlado e será tudo perfeito os Jogos se tornarão desnecessários – pois tudo será previsível, os melhores do ranking mundial ganhariam as medalhas e não precisaria mais nenhuma prova.  Além disso, há sempre o preconceito, a falta de informação e a inveja (como é o caso da cobertura de alguns veículos que ainda não engoliram porque foi o Rio e não São Paulo a cidade escolhida no país para sediar os jogos).

O bacana é ver cada um dando seu melhor: o atleta, o segurança, o fiscal, a atendente do bar. Em nenhum momento, nos “locais olímpicos”, fui atendido de má vontade, todos compartilhavam da maior alegria de poder contribuir para o sucesso dos jogos. Para mim isso fica claro nessa coreografia dos animadores – este eu registrei no jogo de vôlei entre Rússia e Polônia.

https://www.instagram.com/p/BJD-IEpjXj1/?taken-by=menta90

Mas eu vivi momentos “quase perfeitos”, preciso confessar. Vale lembrar que quando se acompanha os jogos do ginásio, você não tem aquela “avalanche” de informação que tem quando está em casa, assistindo TV, navegando na Internet e acompanhando tudo “minuto-a-minuto”. Tudo lá é muito intenso, vários detalhes ao mesmo tempo, no telão, na torcida, nas quadras. Pois foi nesse domingo ensolarado que eu cheguei e fiquei sabendo que tínhamos dois finalistas da ginástica de solo. E maior foi minha surpresa e emoção ao presenciar a entrega de medalhas a eles ao vivo, numa energia indescritível.

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Acompanhando de perto a entrega da medalha aos dois brasileiros no Pódio

Enfim, foram quatro dias inesquecíveis. Continuo assistindo tudo que posso via TV, acompanhando pela web e quero ainda fazer pelo menos mais um post, contando como foi a visita ao MPC (Media Press Center) e tudo que vi do trabalho do OBS (Olympic Broadcasting System), estrutura gigante que é responsável pela transmissão de todo o sinal para as TVs de todo o mundo. Agora fico pensando se vou a Buenos Aires ver os Jogos Olímpicos da Juventude 2018  ou se economizo para Tokyo 2020, mas com certeza quero viver essa emoção mais vezes. Fico pensando que é de eventos como esse que a vida é feita.

 

Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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