Marcelo Pimenta

3 Horizontes de Inovação: o que as empresas fazem para continuar no topo

Horizontes de Inovação

Já sabemos o quão volátil é o mundo e o momento que estamos vivendo, e o quão rápido empresas precisam se adaptar.

O que era um diferencial no passado, como por exemplo, qualidade, atendimento, sistemas de gestão, marketing, site, redes sociais, gestão da marca e gestão de pessoas, passou a ser uma obrigação. Se o cliente não percebe a diferença acaba optando pelo mais barato.

Mas como se manter inovando, atuar de forma competitiva no mercado e sustentar esse crescimento?

A resposta é ter uma boa gestão da inovação, conhecendo ferramentas, metodologias e frameworks para fazer isso com sucesso. 

Um desses frameworks é o Horizontes de Inovação, essencial para qualquer empresa que quer se manter competitiva no mercado, e o assunto do texto de hoje.

Continue lendo para entender mais!

 

A importância de ter um portfólio de inovação para sustentar o crescimento

Portfólio de inovação trata do conjunto de projetos, programas ou até produtos interdependentes que se desenvolvem sob o gerenciamento de uma organização com o objetivo de trazer inovação para a empresa.

Manter um portfólio planejado e alinhado com o corpo diretivo faz com que suas chances de inovar gerando valor aumentem. Diferentes projetos, buscando soluções em diferentes áreas e explorando novas possibilidades potencializam o sucesso.

Aqui é importante estudar a estratégia e entender qual a melhor modalidade para ser aplicada na sua empresa. E para tal, é essencial conhecer o framework “Horizontes de Inovação”.

O que é o framework Horizontes de Inovação?

O framework dos 3 Horizontes de Inovação trata-se de uma das principais estratégias de planejamento de inovação e crescimento. Ele foi elaborado pela consultoria McKinsey e apresentado pela primeira vez no livro “A Alquimia do Crescimento” e depois aprimorado por Bill Sharpe e Anthony Hodgson, que trouxeram uma versão mais atual.

Este conceito ajuda as pessoas a pensarem em soluções atuais, mudanças emergentes e possibilidades de negócios futuros. Possibilitando que empresas por elas comandadas  permaneçam em constante crescimento.

Trabalhado sob linhas de crescimento vs. tempo, este framework divide-se basicamente em três áreas de atuação e planejamento:

  • Horizonte 1: representado pelo core, responsável pela maior fonte de receita da empresa. Neste plano foca-se no desempenho e como otimizar o que a empresa já entrega para agregar maior lucratividade a curto prazo. Pode-se também dizer que seria o que sua empresa pode fazer hoje para inovar.
  • Horizonte 2: aqui a empresa já se arrisca um pouco mais, buscando atingir uma fatia maior do mercado e abrir espaço para inovações adjacentes que estejam relacionadas às suas competências principais. Aqui tratamos de processos a médio prazo.
  • Horizonte 3: nesse setor temos a experimentação, onde começa a busca disruptiva do mercado. Aqui procuramos o pensamento visionário para gerar negócios, produtos ou processos genuinamente novos, desenhando um futuro para a empresa.

Horizontes de Inovação

As formas de inovar do framework Horizontes de Inovação

A inovação não possui uma receita pronta, tão pouco pode vir de uma única maneira. Pode ser estimulada para buscar eficiência na utilização dos recursos produtivos, reduzir os custos dos processos, ganhar novos mercados, gerar novos produtos e funcionalidades ou mesmo garantir a sobrevivência no mercado competitivo.

No framework Horizontes de Inovação, os diferentes tipos de inovação ficam bem claros, e facilitam o entendimento que inovar é gerar valor, e não inventar algo novo. 

Esses tipos de inovação se interligam com os horizontes, sendo no Horizonte 1 as do tipo “incremental”, no Horizonte 2 as do tipo “adjacente” ou “de expansão” e, finalmente, no Horizonte 3, as inovações disruptivas.

Entenda melhor:

Inovação Incremental

Inovação incremental trata de uma série de pequenas melhorias ou atualizações feitas em produtos, processos ou serviços que já existem. Esse tipo de inovação não gera necessariamente um grande impacto, mas mantém a empresa competitiva.

Geralmente, o foco desse tipo de inovação é na eficiência de um produto já existente. É uma estratégia muito utilizada nas empresas de tecnologia, por exemplo, que buscam melhorias regulares de seus produtos. Está ligada diretamente ao Horizonte 1 da inovação.

Incrementar, como processo inovativo, vem de perguntar a si mesmo “como posso melhorar o que estou fazendo?”, e pode ser respondido através de uma melhora na embalagem de um produto, em um processo de produção ou até na oferta de uma nova forma de pagamento. 

Inovação Adjacente ou de Expansão 

Na inovação adjacente a empresa ainda trabalha com o core, mas busca atingir públicos ainda não explorados. Aqui o foco é desenvolver produtos ou serviços já existentes ou produtos novos para empresa, mas que tenham relação com o core da empresa para atingir mercados que ainda não atuam.

Nesse tipo nós temos um grau médio de inovação e impacto de mercado, é considerado um estágio de transição e está  diretamente ligado ao Horizonte 2 da inovação.

Um ótimo exemplo que temos aqui é o surgimento do “Uber eats”. O Uber foi fundado como aplicativo de transporte e em 2014 lançou o Ubereats, um serviço de entregas e pedidos de comida via app, conectando restaurantes e consumidores através dos entregadores. A empresa já tinha conhecimento do serviço sob demanda para atender as pessoas e passou a integrar a entrega de alimentos ao seu portfólio mais uma inovação.

Inovação Disruptiva

Em 1995, Clayton Christensen, professor de Administração na Harvard Business School, publicou um artigo que introduziu o conceito de inovação disruptiva.

Esse tipo de inovação é o que causa o maior impacto na sociedade, trata de uma mudança brusca em determinado produto, processo ou serviço por conta de uma inovação tão superior que faz com que a utilização do responsável por suprir a demanda anteriormente deixe de fazer sentido, já que a inovação traz maior simplicidade, eficiência, acessibilidade e conveniência.

É dessa forma que empresas pequenas e novas conseguem encarar em pé de igualdade gigantes da indústria dentro do seu próprio “jogo”.

Inovações disruptivas mantém seu foco em baixo custo ou novo mercado, transformando completamente como esse funciona. 

Alguns exemplos famosos de inovação disruptiva são o Spotify, Netflix, Uber, Steam, que trouxeram algo completamente novo na forma de consumir música, filmes, transporte e jogos, respectivamente. 

Quais são os benefícios de implementar os 3 Horizontes de Inovação?

A ideia dos 3 Horizontes permite que você estruture e organize os projetos de inovação para sua empresa, permitindo balancear projetos de curto, médio e longo prazo e, assim, sustentar o crescimento.

Quando abrangemos os 3 Horizontes, conseguimos:

  • Pelo Horizonte 1: reforçar e proteger negócios, aprimorando o produto, processo ou serviço, trazendo mais solidez para a empresa.
  • Pelo Horizonte 2: expandir para novos negócios ou mercados já existentes mas desconhecidos por nós, utilizando da competência já existente para atingir um público maior.
  • Pelo Horizonte 3: acompanhar as mudanças, trazendo um pensamento disruptivo para o negócio, criando novos mercados ou gerando negócios nunca antes vistos, aumentando a competitividade de forma vanguardista.

Dessa forma, temos a estrutura que traz equilíbrio entre as necessidades atuais do negócio, (Horizonte 1), o futuro almejado (Horizonte 3) e o caminho que liga um ao outro (Horizonte 2).

Mergulhando fundo nos 3 Horizontes de Inovação

Horizontes de Inovação

Aqui irei esmiuçar os três horizontes de inovação num tom mais didático para entendermos melhor a importância de cada um deles.

Horizonte 1 – Resultado a curto prazo

No Horizonte 1 é onde devemos focar grande parte da energia para trazer resultados com o que a empresa já faz de melhor.

A frase que rege este primeiro momento é “ação focada em resultados a curto prazo”, utilizando o produto ou serviço que já faz parte da maior parte da receita da empresa para inovar.

Podemos dizer que aqui nós temos uma estratégia defensiva que visa sustentar a posição que a empresa já ocupa no mercado

Dentre as competências do H1, podemos citar como exemplos:

  • Investimento e melhorias na estratégia de marketing, levando assim a oferta a um número maior de pessoas, maior conversão de vendas, e melhorando a exposição das mídias sociais.
  • Melhorias no produto, tanto na parte técnica, quanto em design focado na atualização em torná-lo mais atrativo ao cliente.
  • Mudanças no processo de produção, tornando o produto mais rentável.

Porém, empresas que ficam presas somente no horizonte 1 do imediatismo e sentam-se sobre o conforto do “em time que está ganhando não se mexe” estão destinadas a desaparecer. 

Confira meu texto sobre “Os riscos de não inovar: o que acontece com quem não inova?” e conhecer empresas que perderam tudo.

Horizonte 2 – Explorando ambientes adjacentes 

Aqui damos mais um passo à frente, ao encontro da inovação, nesse cenário a empresa explora competências que ela já possui, mas entra num mercado que já existe no meio externo, mas até então não explorado pela própria empresa, captando valor.

A expertise do seu core está relacionada ao novo mercado pretendido, facilitando o acesso e diminuindo os riscos. Sendo assim, cria uma extensão do negócio já praticado.

Para termos sucesso nessa área devemos adotar uma mentalidade mais empreendedora, incentivando os experimentos e entendendo os erros como processo de aprendizagem.

Podemos citar como competências importantes para o Horizonte 2:

  • Adaptatividade, alterações e melhorias no produto para captar um novo público;
  • Nova linha de produtos, expandindo as opções de mercado a serem explorados;
  • Um novo canal de vendas, facilitando o acesso e a visibilidade de produtos ou serviços.

Horizonte 3 – Experimentação e Criatividade

É aqui que encontramos os pensamentos mais disruptivos, onde procuramos soluções para o mercado que ainda não existam ou uma forma de mudar drasticamente um modelo de negócio.

Neste setor, a empresa precisa comprometer os talentos com maior espírito empreendedor, olhar visionário e anseio por inovação. 

Olhamos para o Horizonte 3 pensando a longo prazo, já que inovações de grande impacto precisam de mais tempo para saírem do papel e serem validadas.

Como estamos lidando com o novo, os erros são muito mais frequentes e fazem parte do processo de aprendizado, afinal, cada erro ensina um novo meio de não se fazer algo, nos deixando mais próximos do acerto. Neste ponto estão os maiores riscos, as maiores incertezas, porém, é onde estão também as maiores recompensas.

Como exemplos de competência para o horizonte 3, nós temos:

  • Ousadia, ter a coragem aliada com estratégia para tentar algo que nunca foi feito;
  • Incentivo a ideias disruptivas, como já comentamos, esse é o momento de errar – tentativa e erro te aproximam do sucesso.

O Horizonte 3 é um processo que pode levar tempo para gerar resultados, mas pode ser o propulsor responsável por fazer a sua empresa decolar.

 

Horizontes de Inovação

Quanto investir em cada Horizonte?

Agora que conhecemos melhor cada ponto deste framework, quanto devemos investir em cada um deles e por quê? 

A sugestão apontada como ideal para a divisão de investimentos é baseada na regra 70/20/10, amplamente difundida por Eric Schmidt, ex-presidente do Google, que demanda:

  • Horizonte 1: 70% das atividades dedicadas para este ponto, já que é este o responsável por trazer a segurança e estabilidade para a empresa;
  • Horizonte 2: 20% dos esforços destinados para inovações adjacentes, que apesar de terem um risco maior, são mais controlados, visto que estão próximos ao core da empresa e permitem capturar um valor  inalcançável até o momento;
  • Horizonte 3: 10% destinado aos investimentos radicais, com um maior grau de incerteza e consequentemente o maior risco, por esse motivo, o menor valor fica atribuído a esse ponto, não comprometendo a segurança da empresa mas ao mesmo tempo garantindo que este ponto esteja sendo observado.

É importante esclarecer que trata-se de uma sugestão generalizada de aplicação, cada empresa e momento tem suas necessidades distintas.

Conversando com o Luís Gustavo Lima (LG), da Ace Cortex, no meu Canal do YouTube sobre o assunto, podemos retirar um comentário em que LG foi cirúrgico quando perguntei se ele concordava com essa divisão, confira:

“Eu concordo e discordo. Onde eu concordo: Sim, esta é a sugestão.
Onde eu discordo: A realidade não é essa. Por que não? Porque cada empresa tem uma natureza diferente de competição.”

Sendo assim, é preciso analisar cada empresa com cuidado para escolher a melhor estratégia de investimento, por exemplo, empresas que dominam o mercado e já possuem estratégias sólidas que garantem sua sobrevivência podem alocar um investimento maior nos horizontes 2 e 3.

Horizontes de Inovação

 

Para que seja possível a implementação desse framework, é preciso que o corpo diretivo esteja alinhado com a estratégia da empresa, criando uma cultura de inovação, dando ferramentas para que isso aconteça e criando um ambiente favorável para novas ideias. Os líderes têm que incentivar e acreditar no processo.

Os 3 Horizontes de Inovação são apenas um dos frameworks que você pode utilizar para ter uma melhor gestão da sua inovação, existem muitas outras formas de se ter melhores resultados, confira clicando aqui.

Para saber mais:

Se você quer se aprofundar ainda mais sobre o assunto e causar uma transformação na sua empresa, indico também as seguintes leituras:

– Zone to Win: Organizing to Compete in an Age of Disruption 

– Transformação radical: 6 estratégias que irão revolucionar o seu negócio para ter a inovação como diferencial competitivo

 

 

Clique no link para conhecer a minha palestra Inovação Descomplicada:

Inovação Descomplicada

É possível inovar com os recursos que se tem. Nesta palestra Inovação Descomplicada  você vai ver cases inspiradores e conhecer uma maneira simples e poderosa para gerar produtos e serviços que encantem seu cliente.

Palestra para inspirar, motivar e sensibilizar equipes, líderes, gestores, vendas, estimula o engajamento e o potencial criativo de cada pessoa, provocar sinergia, visão inovadora, transformações para inovação.

 

Imersão de Inovação

Inovação na Prática In Company é feita para empresas e equipes que tem o objetivo de incorporar  processos  de inovação em sua cultura e rotina  de forma consistente.  A imersão foi desenvolvida para  que os participantes estejam  alinhados com o negócio e sejam capacitados a disseminar  a cultura de inovação para todas as áreas e colaboradores da empresa.

 

E se quiser saber mais sobre mim, e as outras palestras disponíveis, clique aqui!

Espero que esse conteúdo tenha te inspirado a imaginar e colocar em prática estratégias de inovação para seu negócio. 

Te vejo no próximo post!

 

Postado por Marcelo Pimenta

 

 

Artigos Relacionados :