Marcelo Pimenta

Inovação Aberta e Fechada: entenda a diferença e quando aplicar

inovação aberta e fechada

Inovação aberta e fechada são formas de inovar dentro das empresas, sendo uma caracterizada por ser feita apenas pela empresa e seus recursos (fechada) e a outra por contar com parcerias e diferentes expertises de outras empresas ou players (aberta).

Entender a fundo esses conceitos ajuda a enxergar oportunidades e aprimorar a sua gestão da inovação, o que é extremamente necessário no mundo de hoje, que dita que a empresa que não inova, seja em seus processos, seu contato com o cliente ou em produtos e serviços, é chutada para fora do mercado. 

Esse texto é parte da minha série sobre Gestão da Inovação, que traz todos os conceitos necessários para que você triunfe neste mundo em que o consumidor é cada vez mais exigente e a competitividade cada vez mais acirrada. 

E agora, vou te apresentar tudo sobre os modelos de Inovação Aberta e Fechada, exemplos de sucesso, benefícios, riscos e formas de aplicação. 

Continue lendo!

Quais as diferenças entre Inovação aberta e fechada?

O processo de inovação passa pela geração de ideias, pela conversão dessas ideias em um projeto, que então é desenvolvido para ser testado e difundido.

E ideias podem vir de todos os lugares, de dentro ou de fora das empresas e elas servem para resolver problemas e dores específicas do mercado.

Atualmente ouvimos muito falar de Open Innovation, que é a Inovação Aberta, ou seja, processos onde empresas buscam colaboração externa de outros atores ou stakeholders de um ecossistema, para a criação de um novo produto, solução ou serviço para se manter competitivo no mercado. 

Podemos citar, como exemplo, as parcerias de inovação da Nike Lab, onde a marca convida esportistas ou até outras marcas, para juntos, desenvolverem e lançarem novos produtos, onde o processo de criação é uma troca mútua entre a tecnologia e estrutura da empresa com agentes externos.

No fim, todos ganham e a empresa agrega valor e aumenta a receita, além de se manter no topo, afinal, a Nike já há mais de 40 anos é uma das mais famosas marcas do mundo.

Já na Inovação Fechada, a pesquisa, concepção, desenvolvimento e testes são feitos internamente, sem a participação de atores externos. Todo o processo é feito em “sigilo”: informações não são compartilhadas e o lançamento dessa inovação é todo focado única e exclusivamente no nome da organização. 

Como exemplo, podemos falar das montadoras de veículos, como Toyota, Fiat ou Honda, empresas do setor de cosméticos como Johnson, Unilever e farmacêuticas. 

Estas são empresas que concentram seus projetos de tecnologia dentro dos seus próprios Centros de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e a gestão de inovação acontece internamente, assim todo o fluxo de informação e conhecimento é mantido em segredo por seus colaboradores.

Inovação aberta e fechada

Importante destacar que os dois caminhos (inovação aberta e fechada), não são, necessariamente, opostos, podendo inclusive ser complementares em muitos processos. 

É possível e até saudável para uma grande corporação ou pequenas e médias empresas usarem os dois tipos de gestão no desenvolvimento de uma ideia de inovação, fazendo, por exemplo, uma parte fechada e outra aberta, ou um projeto fechado e outro projeto aberto.

Por isso, vamos analisar a seguir os benefícios de cada uma delas e formas de implantá-las.

O que é inovação fechada?

A ideia de Inovação Fechada é mais ligada a processos e mentalidades mais tradicionais de inovação dentro do empreendedorismo.

O fundamento da Inovação Fechada ou Old Innovation, como alguns teóricos gostam de chamá-la, está na detenção de um modelo de negócio exclusivo, que não pode ser copiado e nem comercializado por mais ninguém. 

Vamos pensar aqui em uma empresa que inventou e lançou uma tendência, criada dentro de seus centros de pesquisa, por profissionais talentosos do seu time. Além disso,  toda a gestão de inovação, desde desenvolvimento da ideia até o marketing, foi centralizada internamente, assim como todo o reconhecimento e lucro da produção. 

O iPhone da Apple é um grande exemplo de inovação fechada, que deu muito certo.

O contraponto da Apple usar métodos de inovação mais centrados e ter tentado patentear todas suas soluções tecnológicas, não a impediu de hoje ser uma das marcas mais copiadas do mundo. 

E é aí que entram os grandes desafios da Inovação Fechada hoje em dia, onde nessa nova era da globalização, compartilhamento de informação, é quase impossível ser dono exclusivo de uma ideia. 

Benefícios da Inovação Fechada:

  • Possibilidade de sigilo de informação e detenção de tecnologia própria e portanto favorecimento em relação à concorrência.
  • Direito à propriedade intelectual, registro de patentes e direitos autorais
  • Desenvolvimento de tecnologia interna
  • Marketing atrelado a exclusividade 

Desafios da Inovação Fechada:

  • Alto custo de retenção e contratação de talentos
  • Investimento para manter Centros de P&D internos
  • Lentidão em processos centralizados que poderiam ser mais ágeis 
  • Menor percepção externa de mudança do comportamento do consumidor

O que é Inovação Aberta?

A Inovação Aberta ou Open Innovation é um termo relativamente novo, criado em 2003 pelo pesquisador e escritor  da Universidade da Califórnia, Henry Chesbrough, no seu livro Open Innovation: The New Imperative Creating and Profiting from Technology.

inovação aberta e fechada

 

Isso diz muito sobre o fenômeno que a Inovação aberta alcançou no mundo do empreendedorismo e na explosão das startups depois que foi estudado, teorizado e então posto em prática em novos modelos de negócios de sucesso, principalmente na nova era globalizada e digitalizada.

O modelo de Inovação Aberta é colaborativo de fora para dentro, e vice e versa. Ele busca ideias, talentos e soluções também fora da empresa, onde vários atores do ecossistema externo dessa organização participam, contribuindo com inspiração, métodos, fórmulas, pesquisas e compartilhamento de conhecimento.

A lógica é poder buscar ideias e apoio em todos os lugares para o desenvolvimento de algo novo dentro de uma empresa, pensar em novos tipos de organização e entender que inspiração pode vir também do sentido contrário, de fora para dentro. 

A inovação é sempre colaborativa

Sendo um processo colaborativo quem poderia participar de um projeto de Inovação Aberta em uma empresa:

  • Universidades /  Centros de Pesquisa / Instituições – quando uma empresa convida especialistas com base técnica, teórica e acadêmica para co-desenvolver e aprimorar um projeto, ela só tem a ganhar.  Essa parceria aberta, de troca e esforço intelectual conjunto pode trazer agilidade e expertise, diminuindo riscos em um lançamento.
  • Clientes / Usuários / Fornecedores – trazem as dores e conhecimento dos consumidores e informações valiosas de uso de interesse mútuo  para empresa. É um grande agregador de valor e empatia para as marcas e promove a aproximação que modelos de Inovação Fechada não proporcionam.
  • Outras empresas /  Startups – empresas parceiras e até concorrentes podem ser uma fonte de conhecimento importante para o compartilhamento de ideias e soluções. Unir esforços em prol de um bem, de uma melhoria, de um serviço, que vai ser benéfico para todos, com impacto positivo em toda a cadeia produtiva.

Perceberam como a Inovação Aberta tem caráter de parceria, compartilhamento de ideias e soluções para reunir esforços e fazer a inovação acontecer?

Mas como colocar em prática esse processo de colaboração?

Confira a seguir.

Como implementar a Inovação Aberta em uma empresa

Juntar pessoas, ideias, métodos e pesquisas de dentro e fora de uma empresa com um objetivo comum, pode parecer complicado. Mas não é! 

Sempre gosto de lembrar que todo processo de gestão de inovação deve ser gerenciável, com organização e método. E na Inovação Aberta não é diferente.

Quem me acompanha aqui no blog, já ouviu falar de algumas dessas ferramentas usadas durante a gestão de inovação e elas são perfeitamente aplicáveis no processo de Open Innovation. Vamos a elas:

  • Criar um laboratório de inovação e experimentação:  um habitat onde é possível o encontro e compartilhamento de ideias. Ele pode ser físico ou digital, através de uma plataforma interativa, por exemplo.
  • Conexão com uma startup: elas existem para ajudar empresas no processo de Open Innovation, desde a captação de ideias até o planejamento.
  • Optar por uma Metodologia Ágil: métodos ágeis funcionam perfeitamente durante o processo de inovação.  Através de metas, eles permitem organizar e agregar pessoas e ideias com um objetivo comum de fazer a inovação acontecer de forma mais ágil e descomplicada. Para saber mais sobre o assunto, clique aqui.
  • Maratona da Inovação – também conhecida como Hackathons, é um evento que reúne profissionais do mercado para pensar em soluções conjuntas rápidas de inovação, troca de ideias e conteúdos.
  • Design Thinking – pode ser usado como abordagem colaborativa entre empresa e clientes, de forma a coletar informações e experiências de usuários extremamente valiosas no processo de Inovação Aberta. Saiba mais sobre Design Thinking aqui.

Benefícios, desafios e exemplos de Inovação Aberta

A inovação aberta se mostra uma grande oportunidade de negócios atualmente, promovendo impacto positivo em toda a cadeia de stakeholders de um ecossistema, onde todos ganham, principalmente na troca de informações e conhecimento.

Porém, ela tem seus benefícios e desafios, vamos falar sobre eles.

Benefícios

  • Divide conhecimento e agrega valor e empatia a empresa
  • Mantém um olhar para o futuro e não só para o presente
  • Se alia a novas gerações de consumidores
  • Enriquece sua comunidade de consumidores e usuários
  • Oportunidade de criação de Spin off – criação de nova empresa a partir da existente
  • Reduz o tempo de inovação e planejamento de uma inovação
  • Reduz o risco de erros pois conta com mais expertise no projeto
  • Reinventa seu próprio modelo de negócio
  • Aumento de receita
  • Horizontalização do processo

Desafios 

  • Gerenciar o relacionamento entre agentes externos e internos da empresa
  • Encontrar parceiros que se encaixam ao projeto
  • Mudança de mindset dentro das empresas, de líderes a colaboradores
  • Análise e validade da maturidade tecnológica da inovação
  • Atualização constante 

Qualquer empresa pode usar a Inovação Aberta?

Depois de ver os benefícios, desafios e formas de aplicação da Inovação Aberta, percebemos que ela não é indicada para qualquer caso. 

Cada empresa é diferente, tem demandas e necessidades de inovação diversas e por isso, o que pode dar certo para uma, pode não ser boa para a outra.

A cultura organizacional da empresa que deseja inovar precisa estar alinhada a sua estratégia de inovação, seja ela fechada ou aberta. Isso significa que a equipe, de líderes a colaboradores, precisam estar com a mentalidade de inovação afiada e preparada para o processo. 

Uma inovação não precisa apenas ser uma ‘novidade’ para dar certo. Ela precisa ser aplicada e isto tem tudo a ver com o caminho de inovação que uma organização está traçando. Quando o ambiente está propício para inovação, ela acontece! 

Por isso,  esses e outros fatores devem ser analisados junto a outras questões, como a definição de urgência de lançamento de uma solução inovadora – se vai ser um projeto de curto, médio ou longo prazo, além do custo do projeto e seu grau de complexidade e nível de maturidade. 

Aqui na série sobre Inovação do Blog, já falei sobre a ferramenta TRL que permite a análise e mensuração da maturidade tecnológica de um projeto de inovação. Ela é essencial para ajudar no desenvolvimento e também para alavancar algum tipo de financiamento externo para um projeto. Fique por dentro!

Agora que já conhecemos bastante sobre inovação aberta e fechada, confira alguns exemplos!

Exemplos de Inovação Aberta

Empresas que optaram pela Open Innovation para criar projetos de inovação são um case de sucesso atrás do outro, inclusive no Brasil. 

Puderam aumentar suas oportunidades de negócios com engajamento de stakeholders importantes em suas histórias e garantiram não só competitividade a curto prazo mas também a longo prazo. 

Uma característica interessante é a capacidade que essas empresas tiveram para criar um novo modelo de negócio ou produto  a partir de uma iniciativa que começou na gestão de Inovação Aberta, caso das Spin Off. 

As Spin off novos empreendimentos, novas marcas, que nascem na esteira de uma necessidade de inovação de uma empresa, com a facilidade de usar do seu know-how e estrutura, por exemplo. Interessante, não?

Vamos a elas:

  • Nestlé / Panelas : iniciativa que conecta a gigante Nestlé a startups, scale-ups, universidades e pesquisadores com o intuito de criar novos projetos, soluções e Spin Offs. 
  • Ambev: a empresa criou processos de seleção de startups para  pensar em soluções que estimulem a sustentabilidade na Ambev e o consumo responsável de bebidas alcoólicas e foi eleita em 2021 a empresa que mais incentiva inovações com startups e scale-ups no Brasil.
  • Natura : a empresa de cosméticos, uma das mais inovadoras do mundo, investe pesado em Inovação Aberta, em co-criação com colaboradoras, outras empresas e institutos,  para criação de novos produtos e soluções na área da sustentabilidade e embalagens.
  • Itaú / Cubo : O Cubo, que é um Spin off do Itaú junto com parceiros, em 2022 lançou um programa colaborativo de inovação de mobilidade urbana junto com a Tim e Stellanis para o desenvolvimento de novas tecnologias para a América Latina

O importante é inovar!

Vimos nesse texto, as diferenças entre Inovação Aberta e Fechada e como as empresas podem usar esses caminhos em seus processos de inovação.

E apesar de hoje, no mundo do empreendedorismo e da explosão de startups e scale-ups, a inovação aberta seja a mais falada por ter uma abordagem mais moderna e aliada aos novos tempos e novos modelos de negócios, mas isso não faz com que a inovação fechada seja um conceito do passado – muito pelo contrário, os benefícios de vanguarda são excelentes, e ter sua própria equipe de inovação, controlando os processos, é muito bom para o desenvolvimento da mentalidade inovadora.

Inovação aberta e fechada, independente do que você escolher, o importante é inovar, entendendo que existem opções que cabem nas suas necessidades e interesses.  

Não importa se a mudança seja na logística ou em um produto, em uma solução ou serviço, ou mesmo no core de uma empresa, as ideias precisam fluir e o aprendizado deve ser constante dentro das empresas que buscam por inovação e crescimento.

Você quer aprender a inovar na prática? Confira:

Inovação Descomplicada

É possível inovar com os recursos que se tem. Nesta palestra Inovação Descomplicada  você vai ver cases inspiradores e conhecer uma maneira simples e poderosa para gerar produtos e serviços que encantem seu cliente.

Palestra para inspirar, motivar e sensibilizar equipes, líderes, gestores, vendas, estimula o engajamento e o potencial criativo de cada pessoa, provocar sinergia, visão inovadora, transformações para inovação.

Imersão de Inovação

A Inovação na Prática In Company é feita para empresas e equipes que tem o objetivo de incorporar  processos  de inovação em sua cultura e rotina  de forma consistente.  A imersão foi desenvolvida para  que os participantes estejam  alinhados com o negócio e sejam capacitados a disseminar  a cultura de inovação para todas as áreas e colaboradores da empresa.

E se quiser saber mais sobre mim, e as outras palestras disponíveis, clique aqui!

Espero que esse conteúdo tenha te inspirado a imaginar e colocar em prática estratégias de inovação para seu negócio. 

 

Te vejo no próximo post!

Postado por Marcelo Pimenta

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