Marcelo Pimenta

Um modelo de gestão e liderança para implantar a cultura de resultados

João de Lima lança livro onde compartilha conhecimento acumulado em 40 anos de carreira

Por volta de 1995, eu morava em Porto Alegre, envolvido em várias atividades. Era jornalista e estudava MBA em Marketing na ESPM. Estava iniciando minha carreira de professor no Curso de Comunicação da Ulbra; na Federação dos Bancários, junto com o André Boger (que virou meu sócio na Conectt), estávamos criando a rede BancNet, que usava Alternex e Renpac para troca de arquivos via Internet (disponível ainda para uso não-comercial). Eu ainda atuava como free lancer na produção e direção de vídeos na CAMP. E foi o Guaracy Cunha que me convidou:

– O Jorge Gerdau quer gravar alguns vídeos com um tema novo de gestão para capacitar os funcionários. Eles querem um jovem diretor, que saiba o que precisa ser feito, mas que que não fique mandando nele, pois ele sabe o que quer dizer.

Eu tinha 24 anos. Era telejornalista formado pelo programa “Caras Novas”, da RBSTV. Cumpria os requisitos. Aceitei o trabalho.

No processo preparatório às gravações conheci João de Lima, então Diretor de RH Corporativo da Gerdau. Foi com ele que, pela primeira vez, tive a oportunidade de ver por dentro uma grande empresa. Depois desse primeiro vídeo, fizemos outros, quando aprendi um pouco de processo produtivo – conheci um alto-forno e como eram feitos os principais produtos da Gerdau, a histórica fábrica de pregos, os vergalhões, as cercas até os aços especiais – e também sobre os desafios para implementar e monitorar um processo de gestão pela qualidade numa empresa brasileira – com padrões, processos e indicadores de classe mundial.

Vinte anos depois nos reencontramos. Recebo um convite para o lançamento de seu livro pela Editora Gente – Gestão e Cultura de Resultados – com a proposta de compartilhar conhecimentos adquiridos em 40 anos de profissão tendo sido Vice-Presidente da Gerdau e Diretor Global da Magnesita Refratários. O lançamento será na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, nessa quarta-feira, dia 23 de setembro, às 19h. Eu não poderei prestigiar pois estarei palestrando na Feira do Empreendedor do Mato Grosso, mas fica o convite.

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O livro – uma provocação feita às vésperas de um passeio à Ilha de Páscoa –  mescla conhecimento acumulado nas experiências profissionais, citações e depoimentos recolhidos de conversas com executivos com quem Lima teve a oportunidade de conviver – e ouvir especialmente para a produção do livro. Também propõe um Modelo de Gestão e Liderança para Construir a Cultura de Resultados descrito em um triângulo que serve de roteiro para transmitir tudo que aprendeu.

Desejei saber mais sobre o propósito do livro, seus propósitos e diferenciais – e Lima gentilmente respondeu minhas perguntas por email:

Menta – Mais um livro de administração?

João de Lima – Não tive a pretensão acadêmica de escrever um livro de administração ou de gestão. É um livro que pretende indicar os caminhos para construir a tão desejada Cultura de Resultados. Foi escrito de maneira simples, tratando de temas complexos, recheado de minha experiência de 40 anos, somada às histórias contadas por quatro grandes empresários: Ronaldo Iabrudi – CEO do Grupo Pão de Açucar, Fersen Lambranho – Chairman do GP Investments, Jorge Gerdau – Chaiman do Conselho Consultivo da Gerdau, André Johannpeter – CEO da Gerdau e Otto Levy – Vice-Presidente de Operações da Magnesita. Vida real!.

Menta – O que ainda não foi escrito e ensinado?

João de Lima – O livro pretende ser inovador no conteúdo e na forma. No conteúdo na definição dos elementos da Cultura de Resultados (Estratégia de Negócio, Sistema de Gestão, Gestão de Pessoas e Liderança), colocados numa única figura, o triângulo fractal, funcionando harmonicamente, como vetores interdependentes, ganhando uma nova significação. Além disso, propõe a retomada do protagonismo das pessoas como os atores principais do processo, com mais autonomia e autocontrole, reinventando e repactuando as relações entre as partes.

Menta – Qual foi sua maior motivação ao escrevê-lo?

João de Lima – Foram três minhas motivações para escrevê-lo. A primeira, o desafio de Jorge Gerdau para que eu deixasse o  legado de minha experiência. A segunda, foi o desejo de corrigir a percepção simplista sobre a Cultura de Resultados do GP Investments, que é a mesma da Ambev/Inbev da 3G Capital, focando no Sistema de Gestão e na Meritocracia. A terceira, retomar a relevância do papel das Pessoas como principais responsáveis pelos resultados, muito além da meritocracia. A Meritocracia e o Sistema de Gestão não obtêm os resultados, as pessoas  é que os tornam possíveis!

Menta – A pequena empresa pode ter gestão e cultura de resultados?

João de Lima – Sem dúvida, pode e, mais do que isso, deve! Penso que os conceitos propostos, a partir da definição da estratégia são absolutamente aplicáveis às pequenas empresas. Mais do que isso, o modelo ensina como começar bem uma empresa, em qualquer segmento, em qualquer dimensão. Ensina como começar com o passo certo, desde o início da jornada!

Menta – Você tem acompanhado a cena de startups?

João de Lima –  Tenho acompanhado com muito interesse. Vejo como o caminho necessário para os novos tempos  tão líquidos e tão mutáveis e transformantes. É o meio de repensar e reconstruir o modelo de fazer negócio  para o novo mundo que já chegou.

Menta – Como vê o diálogo desse  ”novo jeito de empreender” – modelo de negócios, customer development, crowdfunding, lean startup, design thinking, … – com a cultura de gestão pela qualidade e outras abordagens mais “tradicionais” da gestão empresarial?

João de Lima – “Se você quer mudar o horizonte, há que se descobrir uma nova direção”.  Este é um verso de um poema meu, chamado “Caminho”, com o qual encerro meu livro. Tudo deve ser repensado, reconstruído, repactuado, a começar pelo próprio Modelo de Gestão. Falo com relação ao jeito de fazer os negócios, a relação com o Estado, Negócio com Negócio, Negócio com o Cliente, a Cadeia produtiva, a cadeia de fornecedores. Tem que se repensar a Cultura do Negócio. O mundo tem que ser reconstruído e rapidamente, senão ele se liquidifica e some; É momento de inovar e de se reinventar e de se transformar. Esta é a proposta de meu livro, a começar da Missão da empresa, com relação a si e aos colaboradores, dando-lhes um propósito real, significativo e gratificante para suas vidas. Fazer umturnaround, “virar o jogo” esta é a palavra de ordem!

Menta – O que esse livro representa na sua vida?

João de Lima – O livro me significa uma retomada de rumo, uma nova direção, um novo propósito de vida.  No Budismo, no nono septenário, a principal função do ser humano é passar a experiência para os demais. Transformar a vida das pessoas, através do livro e através de palestras, é meu novo propósito de viver.

Por Marcelo Pimenta (Menta90). Jornalista, professor e criador do blog Mentalidades.
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